quinta-feira, 9 de julho de 2009

Reencarnação

Título: Reencarnação
O que é? Como ocorre? Para que serve? Seria resgate, sofrimento ou oportunidade?

Autor: Orson Peter Carrara

Editora: Mythos Books

Categoria: doutrinário

Edição: primeira (maio de 2009)

Proposta:
A proposta do livro é a de estimular estudos e reflexões sobre a reencarnação. Basicamente se dedica a explorar aspectos que sugiram a sua veracidade e que expliquem a sua necessidade facilitando ao leitor a assimilação da idéia reencarnacionista.

Formato:
O livro possui um tamanho médio contendo aproximadamente 200 páginas distribuídas em 38 pequenos capítulos. Possui ainda um apêndice descrevendo uma dinâmica de grupo sobre um projeto reencarnatório. A editoração é de boa qualidade.

Linguagem:
A linguagem do autor é clara e voltada para o leitor. Em especial, neste aspecto destaca-se o uso de expressões como 'leitor amigo', 'meu caro', ... A linguagem também é didática observando-se um equilíbrio entre textos do próprio autor e transcrições de outros autores.

Avaliação:
A obra é de fácil leitura e especialmente para aqueles que já estão familiarizados com a proposta reencarnacionista da doutrina espírita. E o autor valoriza bastante o trabalho de Kardec transcrevendo trechos de várias de suas obras.

Em termos de projeto deve-se fazer algumas observações importantes. Primeiramente, percebe-se a falta de um encadeamento entre os capítulos embora o autor tenha se esforçado em apontar no final de alguns deles as referências de outros. Esta falta de encadeamento é observado sobretudo pelo número excessivo de capítulos que são, na verdade, pequenos artigos.

Complementando a observação anterior verifica-se uma quantidade grande de repetições de idéias, de citações, ou de recomendações ao leitor. Esta repetição pode ser um recurso interessante para o convencimento do leitor sobre uma dada questão, mas é desagradável para quem faz a leitura do começo ao fim. Apenas para exemplificar temos repetições entre os capítulos 7 e 23, 2 e 28, e entre 34 e 36.

Uma das idéias mais repetidas pelo autor é a da lei de ação e reação. E aí há algo um tanto controvertido porque alguns textos sugerem que alguns sofrimentos são a consequência de pagamentos (ou em outras palavras: expiações, reparações, penas) por atos equivocados cometidos no passado e outros sugerem o contrário. Por exemplo, no capítulo 26 encontramos: "O ser está caminhando e utiliza a reencarnação também para reparar os males que produziu. É um erro, todavia, afirmar que nascemos para 'pagar dívidas do passado'.".

Contudo é importante frisar que há uma tendência clara por parte do autor em reconhecer como melhor uma proposta mais flexível da citada lei de ação e reação. E esta flexibilização é retratada de forma interessante no capítulo 37 onde se lê: "Como o caso daquele homem que solicitou perder o braço (em virtude de ato vergonhoso no passado), mas, como era uma pessoa muito caridosa, perdeu apenas a ponta do dedo indicador.".

Aliás, a expressão "ação e reação" tem sido mal empregada porque nos remete a lei física de que para uma dada ação haverá sempre (frise-se o sempre) uma reação no sentido inverso e de mesma intensidade (frise-se o mesma). E esta explicação não reflete a idéia mais flexível da lei. Cabe ainda destacar que esta expressão não tem origem em Kardec, que a propósito falava em outros termos: causa e efeito.

Embora não tenha sido a proposta do autor em apresentar de forma global o que seria a reencarnação parece que ficou faltando algumas palavras sobre o processo de evolução da alma considerando a reencarnação. Isto é, a origem e o destino da alma são pontos muito importantes para serem desprezados numa obra que fala sobre a reencarnação.

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