sábado, 11 de julho de 2009

Deus, Espírito e Universo

Título: Deus, Espírito e Universo
O Espiritismo e os desafios do século 21

Autor: Eurípedes Kühl

Editora: Petit

Categoria: estudo

Edição: primeira (junho de 2009)

Proposta:
A proposta do livro é a de abordar temas atuais e instigantes sob vários ângulos e especialmente sob o ponto de vista do conhecimento espírita. Trata de temas como a origem da vida, as religiões, o medo, as guerras, os animais, a família, o sexo, as drogas, o aborto, a fatalidade, a pluralidade de mundos, entre outros.

Formato:
O livro possui um tamanho médio contendo mais de 250 páginas distribuídas em mais ou menos 20 capítulos. Cada um dos capítulos aborda um tema específico, mas há também um bom encadeamento entre eles. A editoração é de boa qualidade.

Linguagem:
A linguagem do autor é, em geral, clara e objetiva, embora varie, entre um capítulo e outro, a intensidade no uso de expressões um pouco mais simbólicas. De modo geral, o autor se preocupa bastante com a definição dos conceitos. Estabelece estas definições de forma objetiva e os classifica sob vários aspectos.

Avaliação:
Esta obra tem o grande mérito de abordar temas relevantes para os leitores. São realmente temas atuais e instigantes e que merecem ser discutidos por todos. O autor se posiciona de forma adequada ao tratar destes temas estabelecendo os conceitos, apoiando-se em várias referências, e registrando sua opinião pessoal.

O autor mostra-se aberto a diferentes interpretações sobre um dado tema. Ao explorar várias referências estabelece o que há de concordante e o que há de discordante. De forma corajosa e necessária decide-se por uma ou outra interpretação, mas faz questão de registrar o posicionamento pessoal.

Por esta característica corajosa e por abordar temas tão controvertidos acaba ficando suscetível a erros ou deslizes e, por isso, vulnerável a críticas e a questionamentos variados. A seguir apresentamos alguns pontos discutíveis mas que não influem decisivamente no valor da obra.

Pontos discutíveis:
No capítulo 'Vida: Origem? Quando? Como?' o autor se vale de uma argumentação numérica para justificar que o número de reencarnações na Terra é da ordem de centenas. E no capítulo 'Segundo advento do Cristo' ele se vale de outra argumentação para justificar que a maioria de nós não fazia parte da humanidade terrestre na época de Jesus. Estes são argumentos muito contraditórios pois se, segundo a argumentação do autor, somos hoje 24 bilhões de espíritos e na época de Jesus eram 3 bilhões então 21 bilhões apareceram na Terra a menos de dois mil anos. E isto, na prática, indicaria um número bem pequeno de reencarnações.

No capítulo 'O homem e a religião' o autor descreve várias religiões e aponta o número de adeptos de cada uma. Ele não inclui o Espiritismo na lista e nem tampouco indica o número de adeptos (provavelmente por ser um número inexpressivo). Mas, confusamente em outros capítulos trata o Espiritismo como sendo uma religião (por exemplo, 'Reforma Íntima').

No capítulo 'Guerras' o autor exagera ao atribuir a Kardec a idéia de que "as guerras sucedem sempre nos dois planos da vida". E na sequência não deixa claro que informações como equipe socorrista, colônia de refazimento, umbral e outras fazem parte das obras de André Luiz e não de Kardec.

Embora seja possível observar um esforço em avaliar cuidadosamente a questão do sexo, o autor comete um deslize quando no capítulo 'A família e o casamento' afirma "transexualismo e homossexualismo são anormalidades, atávicas ou não, que desfilam livres pelas ruas e pelos meios de comunicação, sem que nenhuma voz oficial se levante contra o exibicionismo de criaturas que merecem o nosso respeito ...". Mais a frente o autor se apóia em Divaldo e Chico ao atribuir a eles que o caminho para o homessexualismo é a sublimação do sexo.

No capítulo em que fala sobre fatalidade o autor assume como importantes os questionamentos sobre a dificílima "logística" de um resgate coletivo num acidente aéreo. Mas, ao invés de reconsiderar a existência destes resgates prefere ignorar as dúvidas indicando que somente os espíritos superiores poderiam esclarecê-las.

No último capítulo 'A vida em outros mundos' o autor apresenta de forma bastante completa os relatos obtidos por Kardec sobre a vida em outros mundos (especialmente nos planetas do nosso sistema solar). Acrescenta também relatos obtidos por Chico Xavier e Edgard Armond. Corajosamente, faz comparações e mostra contradições. Por outro lado, atribui como sendo científicos os relatos do físico Flammarion contendo detalhes impossíveis de serem levantados com os instrumentos do século XIX. Aliás, faltou ao autor reconhecer que a Ciência está em total desacordo com as descrições obtidas mediunicamente sobre estes planetas. De qualquer forma, vale destacar que o autor corretamente atribui a Kardec um cuidado especial na divulgação destas informações e que ele não considerava como definitivas tais descrições.

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