Educação após a morte

Título: Educação após a morte - princípios de animagogia com seres incorpóreos

Autor: Adilson Marques

Editora: BN

Categoria: educação

Edição: revista e ampliada (março de 2009)

Proposta:
Apresentar princípios de uma educação do espírito após a morte. Estes princípios fariam parte do que o autor chama de animagogia tendo como base a filosofia espiritualista do Livro dos Espíritos mas também formulados a partir de várias experiências mediúnicas além das obtidas nas reuniões kardecistas.

Formato:
Edição diferenciada com um tamanho maior do que o normal, e com textura do papel lembrando reciclado (talvez seja mesmo, não sei). Contém 88 páginas, distribuídas em 13 capítulos, que podem ser lidas em aproximadamente 4 horas.

Linguagem:
Linguagem didática, simples, voltada para o entendimento do leitor. Proporciona uma leitura agradável.

Avaliação:
O autor apresenta uma proposta interessante de formular princípios de animagogia buscando e reconhecendo experiências fora do movimento espírita padrão. Também deixa bem claro esta proposta e assim não se compromete com uma ou outra filosofia espiritualista. Aliás, aponta com honestidade os pontos onde seus princípios não podem ser encontrados ou praticados nas mesas mediúnicas "propriamente" espíritas.

A leitura agradável é resultado da preocupação do autor em passar sua proposta de forma didática e simples como se estivesse dando uma aula presencial. Os capítulos são bem definidos e isto ajuda o leitor a trabalhar e fixar as idéias propostas.

A intencionalidade das atitudes tem um papel importante na formulação dos princípios da animagogia. E o autor apresenta vários exemplos em suas argumentações que facilitam o entendimento da proposta.

Além do termo animagogia o autor propõe outros: animagogo, ciência do espírito, cientista do espírito ou espiritólogo. O animagogo seria na proposta espírita o doutrinador ou o dialogador. A ciência do espírito estaria desvinculada de qualquer religião e o espiritólogo seria o que estuda ou pratica esta ciência.

Discussão:
O autor apresenta o Espírito Verdade como o autor de várias passagens do Livro dos Espíritos. De acordo com textos biográficos de Kardec, essencialmente em Obras Póstumas, o Espírito Verdade seria uma espécie de orientador que o acompanharia durante seus trabalhos. Na verdade, as obras de Kardec representam a síntese dos ensinamentos obtidos em diálogos com vários espíritos.

A fatalidade é apresentada como algo bem mais rígido do que se observa nas falas espíritas. O autor se baseia em algumas passagens do Livro dos Espíritos e invoca a lógica apontando uma possível contradição entre haver acontecimentos que não são previstos e Deus como inteligência suprema. Por exemplo, entende que toda morte já estaria programada, até mesmo os suicídios. Mas talvez aí a intencionalidade de se suicidar também teria que ser predeterminada.

Apesar do autor adotar o discurso de que "os espiritistas ... transformaram os livros de Kardec numa espécie de Bíblia" toda a base dos princípios da animagogia se apóiam aparentemente de forma irrestrita sobre os diálogos colhidos no Livro dos Espíritos. Talvez seja apenas uma aparência mesmo já que o autor demonstra uma boa abertura a outras correntes espiritualistas.