Título: Conheça a alma dos animais
Autor: Severino Barbosa
Editora: EME
Categoria: estudo
Edição: primeira (dezembro de 2009)
Proposta:
Convencer o leitor de que os animais possuem uma alma e que ela um dia se tornará uma alma humana. Para isto levanta dados que aproximam a realidade humana da realidade dos animais. Baseia-se também em afirmações nas obras de Kardec, Dellane, Denis, e Chico.
Formato:
Tamanho médio, padrão, ilustrando na capa uma agradável foto de um cachorrinho. Contém aproximadamente 30 mil palavras (ou 3 horas de leitura) distribuídas em 16 capítulos também ilustrados por fotos de animais. Por se tratar de um estudo, sente-se a falta de uma seção de conclusão e uma de referências bibliográficas.
Linguagem:
Em geral, linguagem simples e direta, sem preocupação em fazer literatura. É recheada de relatos de experiências com animais. Por vezes, estes relatos se sobrepõem e causam uma certa confusão, embora sem compremeter a leitura.
Avaliação:
É sempre louvável a boa vontade para tornar mais digna a vida dos animais não humanos. O autor demonstra esta sensibilidade e escreve algumas poucas linhas procurando convencer o leitor da existência de uma alma para todo animal. Porém, é preciso mais!
Este tema está longe de ser novo e estudos como este já existem aos montes. Decerto ainda há demanda. Mas, já que se optou por abordar o tema então seria preciso avaliar outros aspectos ou fazer uma leitura diferenciada da questão a fim de contribuir para o conhecimento espírita.
Há pessoas que se convencem pela repetição, mas outras (a maioria, acredito eu) se cansam e abandonam a leitura. Praticamente todo o livro é dedicado a apresentar pequenos casos dispersos no tempo e no espaço demonstrando que os animais são inteligentes e possuem sentimentos. Seria suficiente ao leitor (pelo menos a mim) se lhe apresentasse um único estudo recente feito por pesquisadores renomados e publicado em revista científica idônea. E com certeza este estudo existe!
A ligação com o pensamento dos pioneiros do Espiritismo (Kardec, Dellane, Denis, e outros) é adequada e acertada. Por outro lado, é preciso um pouquinho mais de objetividade sendo necessário reconhecer que a questão, na época, não estava totalmente fechada. Por exemplo, Kardec não fechou questão em relação ao ponto de ligação da alma do homem com a dos outros animais (mais detalhes em Tudo se encadeia e Tudo se encadeia mais ainda).
O autor se revela ao longo da obra um tanto preconceituoso ou mesmo desinformado em relação a ciência. Possui ainda a visão equivocada de que, cientificamente falando, a espécie humana é o último degrau da evolução. Em verdade, as espécies se ramificam intensamente e nada indica que um dia existirão só homens.
Frases como a de que "o homem tem o privilégio de ser a obra prima da Criação de Deus" (pag 22) é que tem nos levado a achar que somos um ser a parte deslocado da realidade dos outros animais. Ainda é o resquício da gênese bíblica! Ao contrário do que pensa o autor, a ciência já superou esta idéia.
Não se pode ainda atribuir a ciência afirmações como a de que "todo corpo vivo tem um duplo etéreo" (pag 62) baseando-se apenas em algumas experiências científicas ultrapassadas. E nem que "os animais têm alma" (pag 118).
A despeito desta confusão do que é ou o que não é científico, o autor falha em não apresentar as consequências práticas da aceitação de que tanto animais como homens possuem almas e estas estariam em estágios diferentes de um mesmo processo evolutivo. A consequência pode parecer óbvia, mas precisaria ser explicitada e desenvolvida.
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