domingo, 24 de abril de 2011

Divaldo Franco responde

Título: Divaldo Franco responde

Autores: Divaldo Franco; organizado por Claudia Saegusa

Editora: Intelítera

Categoria: estudo

Edição: primeira (fevereiro de 2011)

Proposta:
O livro é uma compilação de perguntas e respostas organizadas por Claudia Saegusa, as quais foram extraídas de entrevistas de Divaldo Franco nos programas Conversando com Divaldo Franco, na TV Mundo Maior, e Transição, na Rede TV. Foram acrescentadas também perguntas que foram analisadas em seminários ministrados por ele, assim como notas de rodapé para auxiliar nos esclarecimentos.

Formato:
As perguntas e respostas se iniciam logo após uma breve apresentação e estão agrupadas de acordo com os seguintes assuntos: sonhos, depressão, anjo protetor, mortes coletivas, mortes prematuras, mediunidade e mediunidade infantil. Ao final, estão listadas as honrarias já recebidas por Divaldo Franco ao longo de sua trajetória de divulgador da Doutrina Espírita. A diagramação é boa, as letras são grandes e os capítulos são curtos, características que proporcionam uma leitura agradável. Ao todo são 208 páginas que podem ser lidas em aproximadamente 3 horas.

Linguagem:
Divaldo Franco discorre com muita naturalidade sobre os temas abordados no livro. Por ser um homem notadamente culto, ele usa palavras que muitas vezes não fazem parte do vocabulário cotidiano da maioria das pessoas. Além disso, ele faz várias referências a personalidades da psiquiatria, da psicologia, da filosofia, das artes, da teologia e da história em geral. Desta forma, é difícil imaginar que a obra possa ser plenamente compreendida por todos os públicos, embora as notas de rodapé auxiliem nos esclarecimentos. Aproveitam melhor a leitura aqueles que têm maior grau de instrução.

Avaliação:
Divaldo Franco não é apenas um craque da oratória. Ele realmente demonstra conhecer profundamente os mais diversos temas relacionados ao ser humano e, portanto, é sempre produtivo que seus conhecimentos sejam compartilhados. Todas as suas respostas, mesmo as mais curtas, são ricas em informações e ensinamentos.

As perguntas são colocadas de forma direta e objetiva. Pode-se até dizer que elas têm um certo grau de ingenuidade, o que é muito positivo, pois mesmo os leigos em Doutrina Espírita poderão se identificar com as perguntas e usufruir das respostas. Em outras palavras, ainda que muitos conceitos espíritas sejam utilizados por Divaldo em suas explicações, mesmo as pessoas que não têm conhecimentos prévios da doutrina podem compreender as respostas e refletir sobre elas.

Por outro lado, embora não se limite, necessariamente, ao público espírita, o seu conteúdo é elaborado tanto na linguagem quanto nas referências. Conforme já foi mencionado, aqueles que tiveram maiores chances de se desenvolver nos estudos vão acabar aproveitando melhor o livro. Infelizmente, como a educação brasileira ainda é precária, fica a impressão de que o público geral não tem condições de extrair a plenitude de ensinamentos contidos na obra.

Em resumo, trata-se de um livro de perguntas e respostas, bem organizado, que aborda temas de interesse geral tais como sonhos, anjos, morte e depressão sob a ótica de um dos mais renomados divulgadores da Doutrina Espírita da atualidade. O palavreado e as referências não são dos mais fáceis, mas o conteúdo é bom e a leitura é agradável.

Discussão:
Abaixo algumas passagens interessantes:

Página 23 do capítulo Sonhos:
Cientificamente é muito complexa a interpretação dos sonhos, porque estão aí o inconsciente, o subconsciente, o ser espiritual, em uma mescla de informações variadas.
Eu confessso que pessoalmente sou muito mais simpático às teses da psicologia profunda de Carl Gustav Jung, porque elas me permitem completá-las com os desdobramentos espirituais. Esses desdobramentos espirituais que Jung começou a estudar, mas não definiu, confirmam que é o ser espiritual que está acima direcionando (Self), como em uma pirâmide, deixando que os conflitos se exteriorizem e as aspirações do superconsciente se delineiem.
Excelente a associação de temas espirituais à ciência, tal como Divaldo fez complementando conceitos psicológicos de Jung com os desdobramentos. A evolução científica daqui para frente deverá, invariavelmente, passar pela queda de certos dogmas materialistas.

 Página 65 do capítulo Depressão:
(...) Toda vez que num grupo familiar acontece algo perturbador, todo o grupo está incurso no mesmo débito. Não somos viajantes solitários, somos grupos espirituais que constituímos famílias biológicas e famílias espirituais. Quando temos em casa um paciente com transtorno dessa natureza, somos afetados inevitavelmente. 
Ao invés da irritação, da exigência para que ele reaja, a paciência, a bondade, porquanto o paciente não pode reagir, porque tem carência de serotonina, noradrenalina, dopamina, e isso produz um estado de "morte interior". 
A necessidade de paciência, bondade e compreensão para com pessoas em estado depressivo fica ainda mais evidente através da explicação racional e precisa de Divaldo acerca da carência física de neurotransmissores nestes pacientes.

Página 81 do capítulo Anjo Protetor:
(...) Por ocasião da codificação kardequiana, ela (Joanna de Ângelis) teria sido convidada para fazer parte do grupo de Espíritos que contribuíram para a grande revelação espírita e constituíram a equipe de O Consolador. A sua contribuição deu-se mediante uma mensagem com o pseudônimo Um espírito amigo, que está inserta em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, e é intitulada A paciência.
Interessante esta revelação sobre Joanna de Ângelis, seu guia espiritual.

Página 139 do capítulo Mediunidade:
Quando se tratam de comunicações ainda iniciantes, vale a pena manter o pudor, a discrição, nada informando, até quando, educando a mediunidade, as informações possam ser canalizadas com segurança. Quando se procede a atividades pueris, a informações corriqueiras, torna-se frívola essa pessoa, porque está difundindo aquilo de que não tem seguro conhecimento, chamando a atenção para si mesma, sem resultados positivos para os demais.
 O vocabulário é meio complicado, mas a mensagem aos médiuns é útil.

2 comentários:

  1. Parabenizo o irmão Vital pelo trabalho que tem realizado. Todavia, neste e noutros comentários acerca de Divaldo Franco e Joanna de Ângelis, sua mentora espiritual, sinceramente, não vejo a linguagem culta, escorreita, como se fossem palavras tão complicadas que não pudessem, ao menos, ser inferidas. Os Espíritos Superiores se comunicam no intuito de auxiliar a humanidade no seu processo evolutivo, conclamando a todos nós, preguiçosos e renitentes, no sentido de ascendermos mais rápido ao Pai. Penso que a linguagem por vezes rebuscada é um estímulo para nos aprimorarmos no falar, escrever e pensar, atividades de todo instante e que denotam o grau de adiantamento do ser. É fato que ser letrado não denota ser bom, mas ser bom e letrado torna integral o espírito. Que Deus o abençoe.

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  2. Obrigado pelo comentário. Na verdade, esta análise foi escrita pelo Adriano Bello que divide comigo a tarefa de fazer as análises.

    Por outro lado, também acho que a linguagem precisa ser clara o suficiente para evitar que o leitor não entenda a mensagem ou, pior, que entenda de forma errada.

    Abraço!

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