domingo, 30 de janeiro de 2011

Qual é a sua?

Título: Qual é a sua?

Autor: Edmar Cotrim

Editora: CEAC

Categoria: orientação

Edição: primeira (outubro de 2010)

Proposta:
Oferecer ao público jovem um conhecimento básico sobre o Espiritismo. Também se propõe a mostrar como se aplica este conhecimento no dia a dia do adolescente.

Formato:
Tamanho médio, letras grandes e espaçadas, com pouco mais de 200 páginas que podem ser lidas em aproximadamente 3 horas. É dividido em 38 pequenos capítulos de 4, 5, ou 6 páginas. Possui um projeto gráfico atraente com uma capa muito colorida e com desenhos simpáticos e ilustrativos no início de cada capítulo.

Linguagem:
Linguagem jovial, descomplicada, e objetiva. O autor usa frequentemente o diálogo direto com o leitor, com bom uso das interrogações e das exclamações. Embora coloquial, o emprego da língua portuguesa está primoroso.

Avaliação:
Saber se dirigir ao adolescente, conseguir que ele te escute, é uma arte para poucos. Fazer isso por meio das palavras impressas, então, é mais difícil ainda. Mas, felizmente, há pessoas que fazem e o autor deste livro é uma delas. Aliás, tudo no livro revela este propósito.

Começamos pela capa atraente e questionadora, passamos pela abertura ao diálogo, continuamos com capítulos bem encadeados, e terminamos com uma linguagem que compreende os anseios e a ansiedade do adolescente.

Os temas de cada capítulo foram muito bem escolhidos porque refletem realmente aquilo que o jovem precisa e busca conhecer. O autor sabe segurar a atenção do leitor e não fica se enrolando em explicações desnecessárias.

Observa-se no texto uma grande responsabilidade ao tratar dos temas mais espinhosos, como drogas, suicídio, e sexo. O autor, procura, antes de tudo, levar conhecimento e oportunidade de reflexão. Por exemplo, ao longo da obra chama a atenção de que somos espíritos e não temos espíritos.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens interessantes e alguns breves comentários:

Página 35 do capítulo Meu irmão é muito chato!:
Fala a verdade: tem horas em que dá vontade de sumir no mundo, não é não? Tanto lugar para gente e Deus foi escolher logo essa família, ao lado "dele" ou "dela"! Ah, mas está explicado: somos inimigos de outra vida! Só pode ser isso!
Como disse, a coisa não é tão simplista assim, e se formos olhar por esse ângulo, todas as famílias só reúnem inimigos, ou pelo menos a grande maioria delas. Afinal, qual família que não tem seus conflitos de vez em quando, ou de vez em sempre? Será que tudo isso é por causa da reencarnação?
A lógica diz que não. Afinal, nessas vidas todas será que a gente não fez outra coisa senão arranjar inimigos? ...
Uma ilustração da forma como o autor dialoga com o seu leitor.

Página 56 do capítulo Satanás? Estou fora!:
É curioso notar que, como dissemos anteriormente, essa figura esquisita tem ganhado força nos últimos tempos, e justamente por ação das religiões. Não é engraçado isso? O Dêmonio ganha força por ação dos religiosos! Ironia! O que acontece é que ainda há a tendência de querer controlar as pessoas por meio do medo.
Considerações bem apropriadas.

Página 66 do capítulo Em busca do ouro:
Com a reencarnação ocorre algo semelhante. Costuma-se associar o nascer de novo a um tipo de punição. Tipo assim: errou? Fez besteira? Então você vai nascer de novo para pagar! Acontece que não é assim. Não reencarnamos apenas para pagar por erros do passado. A reencarnação não é um meio punitivo, mas um processo de evolução, um instrumento de crescimento. E nesse processo todo, a dor desempenha papel muito importante.
O autor coloca corretamente um viés educacional na proposta espírita.

Página 73 do capítulo Parabéns pra você!:
O princípio espiritual passa pelo mineral, pelo vegetal, pelo animal até atingir o homem. É aos poucos que ele vai se individualizando.
Embora essa idéia tenha fundamentação na obra kardeciana, ela carece de uma melhor defnição. O adolescente pode se perguntar: o que seria uma individualidade pela metade? o que faz o princípio espiritual evoluir de um estado para outro?

Página 84 do capítulo Homem com homem, mulher com mulher... Pode?:
E pensar que um grupo de religiosos esteve recentemente fazendo campanhas no Congresso Nacional contra a aprovação de uma lei que passa a considerar a homofobia crime!
Denúncia importante!

Página 86 do capítulo Homem com homem, mulher com mulher... Pode?:
O que a maioria dos estudiosos, tanto encarnados quanto desencarnados, afirmam a respeito da homossexualidade é que se trata de uma situação em que a energia sexual do Espírito se encontra despolarizada, necessitando de reeducação.
Nesse sentido, fico com a recomendação de Humberto de Campos, Espírito, quando diz a quem passa pela situação que, se conseguir resistir aos apelos da carne, ótimo, será heróico e sublime. Se, porém, a atração e o desejo forem mais fortes, ele recomenda que a pessoa "eleja um cônjuge", ou seja, assuma compromisso com uma outra pessoa específica, evitando a rotatividade sexual.
O que se pode afirmar mesmo é que a sexualidade humana é muito complexa. E justamente por essa complexidade, não podemos invadir a privacidade do outro e dizer-lhe que aja dessa maneira ou não aja daquela.
O autor se trai neste trecho. Se ele acha mesmo que não se deve dizer como as pessoas devam agir então ele não deveria ter dito como o homossexual deve agir com a sua afetividade. Aliás, se a rotatividade sexual é ruim para o homossexual então é igualmente ruim para o heterossexual.

Página 113 do capítulo Mas um filho? Agora?:
Os que defendem o aborto costumam alegar, por exemplo, que dependendo do período da gravidez, ainda não há vida. O Espiritismo derruba essa tese quando informa que a ligação do espírito com o corpo se inicia no momento da concepção.
A autor se trai novamente neste ponto. O espírito já vive antes da concepção. Nesta questão do aborto, o autor ainda se apega a um discurso moralista das religiões; se agarra ao que está escrito no Livro dos Espíritos da mesma forma que faz o evangélico com a Bíblia.

Página 121 do capítulo Até que a morte os separe!:
Uma gravidez inesperada pode ser um erro. Mas não se conserta um erro com outro maior ainda. Além do mais, nossos programas reencarnatórios não são estanques. Pelo contrário, passam por reprogramações.
Observação importante.

Página 124 do capítulo Até que a morte os separe!:
O Espiritismo considera o divórcio um mal menor. Quando a convivência se torna insuportável a ponto de colocar a integridade de um dos cônjuges ou a saúde emocional dos filhos sob risco, o melhor é a separação.
A expressão "mal menor" deveria ter sido evitada. O divórcio é uma opção do casal que pode se revelar boa ou má para eles. O casamento não é um bem em si mesmo.

Página 148 do capítulo Beber é normal, não?:
A morte não transforma ninguém. Ao desencarnar, o viciado em álcool ou cigarro continua sentindo necessidade da bebida e do fumo. Só que do lado de lá não tem a mesma facilidade em consegui-los. Para saciar sua vontade, então, o viciado desencarnado se associa a um encarnado que possa satisfazer suas necessidades. e ficam ambos numa situação muito triste.
Faltou explicar que na concepção kardeciana a necessidade do espírito é apenas psíquica e não física.

Página 215 do capítulo Negociação com Deus:
Não é Deus quem precisa de nós, mas nós é que necessitamos d'Ele! O mesmo costuma acontecer com a oração. Costuma-se imaginar que é Deus quem precisa de nossas preces. O Livro dos Espíritos esclarece que "quem ora com fervor e confiança é mais forte contra as tentações do mal, e Deus envia bons espíritos para assisti-lo" (questão 660)
Certo, mas a oração também serve para agradecer e louvar a Deus.

3 comentários:

  1. Boa Tarde,
    Parabens pela inciativa, sou resposnsável pelo clube do livro aqui em Portugal e gostei muito do seu livro!!!!
    http://nascerclubedolivro.blogspot.com/
    http://ermancedufaux.blogspot.com/

    Um baraço Edmar da Silva

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  2. Como vai, Edmar?!

    Também gostei muito deste livro escrito pelo seu xará!

    Abraço!

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  3. comecei a ler seu livro a poucos dia e gostei muito.

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