quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

O Flagelo de Hitler

Título: O Flagelo de Hitler

Autor: Albert Paul Dahoui

Editora: Lachâtre

Categoria: romance

Edição: segunda (novembro 2011)

Proposta:
O livro conta a história de um grupo de pessoas que estiveram envolvidas com o nazismo alemão durante a segunda guerra mundial e que reencarnam no Brasil com o objetivo de resgatar débitos passados e prosseguir em evolução.

Formato:
A obra é de tamanho médio, tem 218 páginas e 50 capítulos. Os capítulo são relativamente curtos, o que facilita e torna agradável a leitura. O tamanho das letras e o espaçamento entre linhas também são bons. É possível concluir a leitura do livro em aproximadamente 6 horas.

Linguagem:
O autor utiliza linguagem elaborada, porém sem exageros.

Avaliação:
A trama se desenvolve em torno de Márcia. Ela adquire AIDS de seu marido, o qual por sua vez contraiu a doença através de uma transfusão de sangue. Ambos eram funcionários de uma indústria farmacêutica que os demite para evitar escândalos. O ano era 1984, uma época em que ainda pouco se conhecia sobre esta doença e havia muitos preconceitos.

Apesar de todos morarem no Brasil, vários dos personagens são ligados à Alemanha por um ou outro motivo, seja através da descendência familiar, do empregador alemão ou dos dotes culinários - tal como ocorre com uma personagem que sabe fazer muito bem o apfelstrudel.

Auxiliada por um grupo de amigos invisíveis liderados pelo espírito Kruger, Márcia conhece Ângelo, um repórter policial que sonha em progredir na carreira. Ângelo é trabalhador de um centro espírita e apresenta à Márcia os livros de Kardec e André Luiz. Inicialmente apreensiva com o Espiritismo, Márcia se engaja na causa e passa a conviver resignada com sua doença, ajudando também outras personagens que surgem ao longo da história.

O enredo do romance é comum no meio literário espírita, com personagens que tem débitos gerados em vidas passadas e que são auxiliados por espíritos amigos em novas existências de resgate. Ainda assim, apesar de seguir uma fórmula comum, a trama é moderna, extremamente bem elaborada e escrita. O autor é ótimo, o mesmo que escreveu a famosa coleção 'A Saga dos Capelinos'. Diversos conceitos do Espiritismo são abordados ao longo da obra de forma muito clara. Trata-se de um excelente romance espírita, vale a pena a leitura.

Como ressalva, é importante mencionar que o título pode frustrar o leitor que, desavisado, imagina uma obra sobre Hitler, abordando-o de um ponto de vista espiritual. Apenas ao final do livro fala-se sucintamente, quase nada mesmo, sobre a figura do ex-chanceler alemão.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 22:
O médico mordiscou o lábio. Não estava nada à vontade perante aquele casal tão simpático. Em 1984, a AIDS não era de conhecimento público e pouca gente sabia do que se tratava. O médico teve que investigar com um amigo médico infectologista.
O desconhecimento em torno da nova doença gerava angústias e preconceitos.

Página 70:
Assim que Márcia entrou no quarto, por volta do meio-dia, ela o viu arriado, num canto do quarto. Seu susto foi menor do que a primeira vez, mas não deixou de transtorná-la. O espírito estava chorando baixinho, em estado catatônico, alheio a tudo. Não era uma manifestação apavorante como a primeira, mas era imensamente mais emotiva. Os dois haviam sido marido e mulher, e tinham convivido por vários anos.
Nesta passagem, Márcia demonstra certo grau de mediunidade e vê seu marido desencarnado.

Página 102:
- Temos seguido seus passos com extrema atenção. Sua atitude perante a vida tem mudado, mas o conhecimento é insuficiente para trazer a mudança interior da qual necessita. Conhecer é fundamental, mas é preciso mais. Procure ajudar os outros. Você verá que, em contato com o sofrimento dos demais, o seu tornar-se-á insignificante. Use seu conhecimento para ajudar os outros e é isso que a libertará das dores. 
Márcia leu a mensagem recebida pelo médium. No início ficou chocada: como ajudar os outros se ela é que mais precisava de ajuda?
No atual estado evolutivo da humanidade, a caridade ainda não é vista como um remédio capaz de minimizar nossas aflições. A atitude egoísta de pensar primeiro em si prevalece. As pessoas ainda tem dificuldade para entender a Lei de Ação e Reação: é ajudando aos outros que a ajuda vem para si próprio.

Página 152:
Sem que Márcia entendesse a razão, Kruger fora severo. Saindo de sua postura natural, que seria de apenas alertá-la amorosamente, resolveu falar com seriedade. Embora ela não tivesse percebido dessa forma, não era uma ameaça pessoal, mas Kruger dissera que a Lei seria muito mais severa com uma pertinaz criminosa. Para espíritos recalcitrantes, que ainda não entendem a gentileza do amor e confundem suavidade com franqueza, o uso de dor, muitas vezes, se torna a única opção. 
Márcia acordou espantada. O sonho fora tão nítido que parecia estar sentindo o perfume de sândalo daquele homem poderoso. Ela suava profusamente. Seus nervos tremiam e entendeu que algo de gravíssimo ela e suas amigas haviam feito para estarem passando por tal situação.
O amor é o melhor caminho, mas em alguns casos apenas a dor funciona. Aqueles que forem conscientes desse fato poderão perceber na dor não um problema, mas sim uma aliada, um claro sinal da vida que representa excelente oportunidade para correção de rumo.

Página 162:
Durante essa época, Kruger dera ordens a Silvester para apenas acompanhar de longe Gisele, não devendo, entretanto, interferir. Por mais que ela estivesse fazendo algo terrível - disseminando a AIDS entre as pessoas -, tanto ela como seus clientes tinham de ter responsabilidade sobre seus atos. Kruger, em seu modo severo de analisar os fatos, dizia que os espíritos não foram feitos por Deus para tolher a liberdade dos encarnados; cada um devia ser capaz de trilhar seu caminho com responsabilidade. 
O livre-arbítrio deve prevalecer. É como numa maratona: embora seja sempre possível auxiliar o corredor dando-lhe um copo d'água, não se pode realizar a corrida em seu lugar. A cada um caberá o mérito de seu próprio esforço.

Página 213:
No caminho de volta ao seu plano, Kruger fez um exercício de empatia - colocou-se no lugar de Kohen. Concluiu que um espírito que era incapaz de perdoar e de modificar sua atitude perante a vida precisava realmente de um novo recomeço. Quem sabe se um local mais agreste não iria proporcionar as condições ideais para uma nova jornada? Concluiu que, mesmo sendo ainda um lugar selvagem, não deixava de ser mais um dos jardins que o Inefável havia plantado pelo universo para nossa caminhada até Ele.
Clara alusão à transição do planeta Terra de um mundo de provas e expiações para a categoria de mundo de regeneração. Através deste processo, os espíritos que não conseguirem atingir as novas condições vibratórias do planeta terão a oportunidade de recomeçar em outros mundos mais primitivos.

10 comentários:

  1. Olá, Adriano!

    Os trechos selecionados parecem ser bem escritos mesmo.

    Ainda que você tenha feita a ressalva com relação ao título, não consegui entender o porquê dele. De que "flagelo" o autor se refere?

    Abraço!

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    1. Você confundiu "flagelo de" com "flagelo do".

      A primeira quer dizer "algo feito por alguém";

      A segunda quer dizer "algo sentido por alguém"

      Flagelo pode significar: azorrague, asorrague, flagelo, calamidade, catástrofe, desgraça, fatalidade, infortúnio, peste, praga, castigo, admoestação, animadversâo, couro, emenda, ensinadela, esfrega, expiação, judiação, látego, lição, mortificação, pena, penalidade, preço, punição, sanção, suplício, vindita, chicote, açoite, azoinar, chibata, chiqueirador, muxinga, peia, rebenque, relho, vergalho, vergasta, etc.

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  2. Oi Vital,

    Excelente pergunta!

    Acabei evitando falar sobre o flagelo porque é o final do livro rsrsrs. Mas, em pouquíssimas palavras, tem um espírito que se apresenta na história como o flagelo de Hitler, o vingador dos que sofreram as atrocidades do nazismo.

    Grande abraço!

    Adriano.

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  3. Olá, quero apenas parabenizá-los pelo excelente blog. É uma ótima ideia para quem gosta da leitura e, principalmente, da literatura espirita.
    Eu gostaria de fazer uma pequena sugestão. Seria bom ver a analise de vocês a respeito dos clássicos de Herculano, Leon Denis etc. é apenas uma sugestão. O blog é realmente de muita qualidade...

    Abraços.

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  4. Olá Ricardo, obrigado pelo seu comentário.

    Sobre sua sugestão, o objetivo do blog é trabalhar principalmente com os lançamentos para auxiliar as pessoas na escolha de suas leituras. Os clássicos são sempre muito bem recomendados;) Ainda assim, vamos pensar com carinho na sua sugestão, pode realmente ser uma boa pedida.

    Forte abraço!

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  5. Amigo gostaria muito de ter uma relacao de livros espi'ritas que verse sobre Nazismo. Principalmente sobre os nazistas na espiritualidade. So' encontro livros como esse que so' dedicam algumas pouqui'ssimas linhas. Voce saberia indicar ? Agradeceria muito

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  6. HAAA esqueci,,,,meu email e' bobbb_22@yahoo.com e meu nome e' Betopernambuco

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  7. Li o livro a pouco tempo e aprensentarei um trabalho sobre ele .. Livro muito bom!

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  8. penso que muitos dos nazistas ainda devam estar em sono profundo, talvez por isso não tenham conseguindo reencarnar ou falar das atrocidades que cometeram.

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  9. O que são setenta anos na eternidade, muitos ainda nem sabem onde estão, nem sabem como o amor infinito de Deus procede nesses casos de grandes flagelos da humanidade. Há com certeza nazistas encarnados, porém acredito que a maioria não tenha ainda condições de voltar a terra. Minha opinião.

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