quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Diálogos com Hernani Guimarães Andrade

Título: Diálogos com Hernani Guimarães Andrade

Organizador: Suzuko Hashizume

Editora: Didier

Categoria: estudo

Edição: primeira (agosto 2011)

Proposta:
Homenagem ao pesquisador espírita Hernani Guimarães Andrade através da publicação de entrevistas que ele concedeu a imprensa e de diálogos com a psicóloga Cecília Frei.

Formato:
Livro grande com mais de 400 páginas que podem ser lidas em umas 12 horas. Ele é dividido em duas partes, sendo a primeira de 29 entrevistas concedidas por Andrade a imprensa espírita e não espírita, e a segunda parte de diálogos com a psicóloga Cecília Frei apresentados em 18 seções. Nota-se a ausência de um índice dos capítulos.

Linguagem:
Linguagem simples e clara. E um pouco mais informal nos diálogos com Cecília Frei revelando o bom humor de Andrade.

Avaliação:
É antes de mais nada uma justa homenagem a uma pessoa que dedicou boa parte de sua vida a pesquisa dos fenômenos espíritas mesmo quando não havia um ambiente propício para tanto. O doutor Hernani foi e ainda é referência para os que desejam se aventurar nas pesquisas dado que ele efetivamente procurava o caminho da ciência.

As entrevistas publicadas na primeira parte estão em ordem cronológica (de 1973 a 2003) e isto ajuda o leitor perceber a evolução do pensamento de Andrade. Por outro lado, esta ordem acaba por deixar os assuntos muito dispersos e dificulta, assim, a análise de um determinado assunto.

Aparentemente todas as entrevistas estão publicadas na íntegra e é isto o que se esperava mesmo. Mas, por conta disso, há muita repetição de ideias e de informações. Assim, a leitura do livro do começo ao fim fica um pouco entediante. Talvez, uma seleção das entrevistas poderia diminuir estas repetições.

É interessante que, além do conhecimento transmitido pelo pesquisador Hernani, este livro revela características da pessoa Hernani. Tanto nas entrevistas quanto nos diálogos com Frei é possível perceber o jeito manso e humilde característico de quem não se fascina por qualquer coisa e se empenha naquilo que faz.

O acompanhamento de alguns diálgos da segunda parte ficou um pouco comprometido pelo excesso de referências à textos e figuras de livros do doutor Hernani. Em algumas passagens fica quase impossível entender sobre o que estão conversando, sobretudo se o leitor não teve contato com os outros livros. Isto poderia ter sido resolvido com notas explicativas ou com a reprodução das figuras e textos citados.

De qualquer forma, o livro cumpre a merecida homenagem a esta personalidade espírita tão simpática e, ao mesmo tempo, aborda as principais questões que tomaram conta da vida do pesquisador.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 28 na entrevista para o jornal Clarim de Matão:
Nós entendemos que as obras de André Luiz e Emmanuel são magníficas e maravilhosas atualizações do Espiritismo.
Discutível.

Página 59 na entrevista para o revista Informação de São Paulo:
O livro Cartas de Uma Morta fala de cidades, edifícios e habitantes observados pelo espírito de D. Maria João de Deus, mãe de Chico Xavier, em suas peregrinações pelos diversos planetas do nossso sistema solar. Ora, atualmente os dados informativos enviados pelas sondas espaciais da NASA parecem desmentir totalmente aquelas afirmações que se lêm em Cartas de Uma Morta. (...) Considerar que os dados obtidos pelas sondas espaciais devem ser desprezados é assumir uma aitude anti-científica e também antikardecista (...).
Muito sensato.

Página 110 na entrevista para a revista Planeta de São Paulo:
(...) a memória reencarnatória tende a enfraquecer-se em função do tempo. Por conseguinte, ela irá depender da extensão do período da intermissão contado entre uma vida passada e a imediatamente seguinte. (...) Se o tempo decorrido entre a encarnação prévia e a atual for curto, haverá forte probabilidade de a pessoa recordar-se de fatos de sua vida pregressa.
Faz sentido.

Página 126 na entrevista para a revista Ciencia del Espiritu da Argentina:
É importante lembrar uma recomendação constante das entidades contatadas mediante a TCI [Transcomunicação Instrumental]: Devemos viver para a TCI, mas não da TCI.
Se trocar "TCI" por "Espiritismo" também está valendo.

Página 143 na entrevista para o jornal O Estado de Minas:
Ora, a rigor, o Espiritismo nada tem a ver com qualquer culto religioso. Ele próprio não é uma religião, e sim um sistema ou doutrina científica e filosófica, com consequências morais, ou, se quiser, cristãs.
É isso aí.

Página 199 na entrevista para o Correio Didier de Votuporanga:
Quanto ao arrefecimento do Movimento Espírita, tanto na Europa como nos E.E.U.U., parece-nos, salvo melhor juízo, o resultado da reação das forças das trevas.
Humm... será!? Há explicações mais mundanas.

Página 213 na entrevista para a organização espírita de difusão cultural Candeia:
O Espiritismo receberá até aproximadamente o ano 2010, quando muito tardar 2015, o reconhecimento da reencarnação como uma Lei Biológica. Tal reconhecimento será feito pela própria Ciência oficial.
Otimista, não!?

Página 229 na entrevista para o jornal Opinião Espírita:
Acredito que não precisamos adotar nenhuma medida acauteladora ou discriminatória em relação às novas obras espíritas que estão sendo editadas. Qualquer providência nesse sentido redundaria em uma espécie de censura prévia. Uma medida dessa natureza talvez fosse pior do que o eventual mal que alguma dessas obras possa causar. A responsabilidade do julgamento e da escolha cabe exclusivamente ao leitor o qual tem o direito de exercer o seu livre arbítrio, também, nesse caso.
Difícil... temos que pensar também no direito a informação.

Página 314 na seção Espírito, Perispírito e Alma:
A D. Elsie Dubugras mostrou-nos várias fotografias de um médium chamado Jacques Webber. Há uma fotografia dele sentado, amarrado na cadeira e saindo dele o ectoplasma, formando cordões compridos; na ponta dos cordões, pequenas miniaturas de mão, uma mãozinha assim rudimentar, segurando objetos, movimentando-os. O ectoplasma é um pseudopodo; pseudo = falso, podos = pé.
Eita coisa esquisita, sô!

Página 332 na seção Sobre a Bíblia:
Então, eu disse, "mas eu preciso [usar pseudônimo], porque tem gente que não aceita o meu nome; porque tem uma campanha muito violenta disparada por um elemento espírita e seus seguidores contra as minhas ideias". O meio espírita tem esse comportamento paradoxal.
É vero!

Página 341 na seção Sobre Kirlian:
Frei: Moeda?! Então, não precisa estar vivo para sair colorido na foto Kirlian?
Andrade: Você pode colocar o que você quiser, até um pedaço de pau úmido.
Frei: Gente! Então, esse negócio de Kirlian é totalmente furado...
rsrsrs....

Página 347 na seção Explicando o Equipamento Kirlian:
Um dia ele deu uma medida na minha aura e quase que derrubou a parede, tão grande a aura, coitado! Ele gostava muito de mim e botou uma aura enorme. Mas eu não tenho uma aura assim, sei que não tenho, conheço bem os meus méritos.
Esse doutor Hernani...

Página 411 na seção de Interesse Geral:
Frei: Dr. Hernani, dizem que só se "pegam essas coisas" [de magia negra], quando a pessoa sintoniza ou acredita nelas, ou que você esteja muito deprimido, com a "guarda" ou defesa baixa. O Senhor acredita que não?
Andrade: Ha... ha... ha... Isso aí é bobagem.
Frei: Pega mesmo?
Andrade: Ora se pega!
Eu hein... sai pra lá!!!

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