Dez Razões para ser Espírita

Título: Dez Razões para ser Espírita

Autor: José Carlos Leal

Editora: Novo Ser

Categoria: estudo

Edição: primeira (2011)

Proposta:
Apresentar algumas razões que podem fazer uma pessoa se tornar um espírita e fazer uma comparação com outras filosofias e religiões de tal modo a reforçar a fé na crença espírita.

Formato:
Tamanho médio para ser lido em aproximadamente quatro horas. Possui apenas dez capítulos, sendo cada um dedicado a uma razão para ser espírita. São eles: a questão de Deus, a questão do mal, a questão da morte, a morte do diabo, o caráter racional, a teoria das vidas sucessivas, inexistência da hierarquia e livros sagrados, comunicação dos espíritos e suas consequências, a vida em outros planetas, a tripartição da doutrina dos espíritos. Este último destoa dos demais por ser bem mais extenso do que os outros.

Linguagem:
Linguagem simples num Português correto.

Avaliação:
Um bom livro que apresenta razões sinceras que podem realmente fazer uma pessoa se tornar espírita e permanecer como espírita. O autor também é sincero ao informar que as razões apresentadas podem não ser as mesmas do leitor. Aliás, ele deixa claro que o livro é voltado para o público espírita e não tem a intenção de fazer novos adeptos.

Basicamente as razões apresentadas para ser espírita se voltam para o aspecto mais racional do Espiritismo. Para isso o autor faz constantes comparações com outras idéias, filosofias ou religiões. Na busca de respostas para suas inquietações as pessoas ficariam desencantadas com suas religiões e passariam a ver no Espiritismo um porto seguro onde suas dúvidas podem ser respondidas com a liberdade que procura.

Por outro lado, é interessante que o autor não tenha colocado de forma direta e explícita a consolação pela perda de entes queridos. Esta, a meu ver, deve ser uma das principais razões que fazem uma pessoa se tornar espírita. Mas o espiritismo oferece também reflexão sobre idéias nobres como a liberdade e a fraternidade.

A comparação com outras religiões é um olhar para o passado que pode indicar como deve ser o futuro do espírita de hoje. Isto é, o espírita é um ser inquieto que busca respostas para tudo e pode chegar um dia em que as respostas oferecidas dentro do espiritismo já não mais o satisfaçam.

De modo geral as comparações foram adequadas com exceção do último capítulo que trouxe algumas informações secundárias sobre outras religiões. Não chega a ser um grave problema para o conjunto da obra, mas deixa a leitura um pouco cansativa.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 9 nas Palavras Iniciais:

Sem dúvida, como esse texto tem por público alvo os espíritas, ele não é um instrumento de conversão, mas de reforço àqueles que já possuem esta convicção.

Boa! Proselitismo não tá com nada!

Página 13 do capítulo A questão de Deus:

A questão número um de O livro dos Espíritos é: "Que é Deus?" E a resposta é das mais interessantes: "É a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas". Tanto a resposta quanto a pergunta eliminam por completo a ideia antropomórfica da divindade.

Ponto importante!

Página 68 do capítulo A teoria das vidas sucessivas:

... seria justo que Deus mandasse a uma família uma criança sem maiores talentos para a arte, com inteligência apoucada, e, para outros parentes, uma criança especial com notáveis habilidades? (...) Se fizermos a mesma pergunta a um materialista, a resposta deverá ser: buscai na hereditariedade e no meio em que se desenvolvem essas crianças e tereis a resposta para a sua genialidade. Essa resposta não satisfaz, pois existiram homens de grande genialidade que produziram filhos comuns e até com capacidade abaixo da maioria das pessoas.

O autor aqui desconsidera um ponto fundamental para o processo de reprodução que é a combinação e a mutação genética. Pontos fora da curva sempre irão existir.

Página 78 do capítulo Inexistência de hierarquia e livros sagrados:

Em virtude desse tipo de organização, os centros espíritas são muito mais democráticos que outras religiões. Embora nos tratemos com respeito, a palavra de um presidente não é a última, pois o seu peso é o mesmo de qualquer membro da comunidade espírita que participe da estrutura do centro.
Essa forma democrática dos centros espíritas faz com que não tenhamos expulsões e muito menos excomunhões.

Humm... será?!?

Página 99 do capítulo A vida em outros planetas:

A ciência humana merece todo o nosso respeito, em relação ao esforço que faz para compreender a realidade que nos cerca; porém, possui graves limites, resultantes da evolução dos espíritos em nosso planeta. Por isso, não pode ser encarada como critério absoluto da verdade, não só nesse caso, como também em outros.

É pra se pensar a respeito.

Página 138 do capítulo A tripartição da doutrina dos espíritos:

O Espiritismo não é um assunto nem simples e nem fácil, e a tentativa de conhecê-lo bem, não se encontra isenta de percalços e inconvenientes, que só um estudo profundo, sério e honesto pode contornar.

Boas palavras.