Obsessão sexual - uma porta para a loucura

Título: Obsessão sexual - uma porta para a loucura

Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro

Editora: EME

Categoria: estudo

Edição: segunda (novembro de 2010)

Proposta:

Luiz Gonzaga Pinheiro narra aos leitores as atividades de um grupo mediúnico no trabalho de auxílio à Isabelle, uma jovem reencarnada em Fortaleza no Ceará que, aos vinte anos de idade, sofre grave obsessão sexual. Em vida anterior, a jovem havia sido dona de um bordel na França. A descrição do processo desobsessivo de Isabelle fornece aos leitores excelente caso de estudos sobre o tema.

Formato:

O livro tem formato padrão, é composto por 184 páginas e segmentado em introdução, doze capítulos de desenvolvimento e conclusão. Não contém figuras, mas o tamanho das letras e o espaçamento entre linhas foram bem trabalhados, o que torna bem agradável a visualização das páginas. É possível concluir a leitura em aproximadamente quatro horas.

Antes de iniciar cada capítulo, o autor conta uma breve história lida ou ouvida por ele sobre a vida de Chico Xavier, a quem ele dedica a obra. As histórias são curtas, ocupam não mais que meia página, mas são todas cheias de significado. Dão um tempero especial ao livro.

Linguagem:

A linguagem é simples, de vocabulário cotidiano, o que facilita a leitura. O texto mescla de forma adequada narrações, descrições e diálogos. As descrições, ao mesmo tempo sucintas e claras, são realizadas pelos médiuns ao relatarem o que estão vendo e sentindo durante os trabalhos. O autor, além de narrar a história, participa de praticamente todos os diálogos, pois atua como doutrinador nas sessões mediúnicas.

Avaliação:

A linha mestra do livro é o trabalho de desobsessão da jovem Isabelle, reencarnação de madame Rose, a dona de um bordel na França do século XIX. Ela enfrenta forte obsessão sexual na sua encarnação atual em Fortaleza no Ceará.

Ao atuar como doutrinador no caso, o autor tem excelente perspectiva sobre toda a situação, a qual ele compartilha com os leitores. É possível compreender bem o que se passa durante os trabalhos, com bom nível de profundidade, ainda que sem exageros nos detalhes. O texto é bem equilibrado.

O livro começa falando sobre o sexo na ótica espiritual. Embora analise um caso de obsessão sexual, o autor deixa claro que não há nada de errado com o sexo em si. O importante é praticá-lo com responsabilidade, sob a gerência do amor. Conforme o próprio autor, "a divindade não exige abstinência, mas consciência".

Isabelle tem muitos obsessores, o que torna seu caso bastante rico para estudo. São os espíritos das ex-funcionárias do bordel de madame Rose que querem acertar as contas com ela, antigos clientes que não têm controle sobre seus desejos sexuais, abortados que querem vingança por não terem tido a chance de reencarnar e vampiros de todos os tipos.

É curioso notar as deformações sofridas pelos obsessores em seus perispíritos. Segundo os relatos dados pelos médiuns, um deles se parece com um carrapato gigante a sugar as energias de Isabelle. Os vampiros são enormes, tem asas, presas e garras afiadas. Há muita sujeira em torno deles e o odor, segundo a percepção dos médiuns, é bem forte e desagradável.

Também é interessante o fato de os obsessores mencionarem magia ao falarem dos poderes de um ou de outro espírito, seja igualmente um obsessor ou então um membro da equipe socorrista. A expressão "sua magia é forte" às vezes faz parecer que se está lendo uma obra de ficção.

Aliás, na equipe de socorristas há um personagem que chama muito a atenção, um hindu com notáveis poderes mentais que domina os vampiros sem grandes esforços. Ao final do livro há uma sessão de perguntas e respostas com ele, na qual ele afirma que a base de seus poderes é a hipnose. Também trabalham na equipe de socorristas índios munidos de lanças, o que parece um contra-senso, já que, em geral, não se espera que espíritos benfeitores tenham que fazer uso de armas e intimidação. Mas, como se aprende na própria obra, às vezes não há outro remédio, principalmente para os obsessores mais obstinados, os quais são presos e então encaminhados para tratamentos específicos.

Em resumo, o livro serve de ótimo estudo de caso, além de ser muito bem escrito.

Discussão:

Abaixo algumas passagens interessantes:

Página 12 da Introdução:

Quando o relacionamento sexual é embasado apenas no ato mecânico que gera o prazer fugaz, sem envolvimento afetivo e sem respeito ao parceiro, forma um plugue no qual os vampiros facilmente se acoplam. Ligando-se ao chacra coronário, responsável pela vitalidade das células do pensamento, nele penetram através de ligação clandestina, semelhante a que determinados indivíduos fazem para roubar energia da rede elétrica, passando a sentir as mesmas sensações que o parasitado experimenta.

É interessante haver um local bem definido para o tal plugue, o chacra coronário.

Página 47 do capítulo O aracnídeo gigante:

Vejo um Espírito cuja forma perispiritual está bastante alterada, pois muito se assemelha a um carrapato gigante. Possui garras e quando as crava na moça o corpo dela parece sangrar. Tibiriçá diz que ele foi uma das crianças abortadas, retiradas pelas próprias mãos de Rose do ventre de uma das mulheres do bordel, pelo método mais cruel, o esquartejamento.

Depoimento de um dos médiuns que trabalha no caso.

Página 89 do capítulo Vampiros sexuais:

Estou junto da jovem Isabelle e me impressiono com o número de alucinados sexuais que a acompanha. (...) Estou com o hindu, que vai penetrando na mente de alguns, dando ordens para que se afastem e até para que adormeçam. Não sei como ele faz isso, mas é essa a impressão que tenho.

Outro depoimento de um dos médiuns que trabalha no caso.

Página 154 do capítulo Vínculo quebrado:

(...) além do cordão prateado que une seu corpo ao seu perispírito, existe outro que liga seu perispírito ao dele. Daí a dificuldade que sente para fugir do domínio que lhe é imposto, pois está subjugada.

Segundo explica o hindu, a ligação de Isabelle com seu principal obsessor é tão forte que se formou um segundo cordão prateado em seu perispírito unindo-o ao do obsessor. Em outra passagem, ele afirma que "a condição se assemelha a de um animal na coleira, guiado pela vontade de seu dono". Por isso a necessidade de bastante cuidado na desvinculação para não prejudicar ainda mais as condições de ambos.

Página 168 do capítulo Questionamentos finais:

Acredito que esta técnica será utilizada em futuro próximo, pois o hipnotismo, sobre a qual se fundamenta, já é empregado com sucesso em diversas áreas do conhecimento científico. Essas técnicas são conhecidas milenarmente. Cabe ao homem encarnado aperfeiçoá-las e, sobretudo, utilizá-las para o bem de seus semelhantes. Que se fortaleça moralmente e se eduque através da instrução, e a inspiração não lhe faltará.

Opinião do hindu sobre o hipnotismo.