domingo, 19 de junho de 2011

O fotógrafo dos espíritos


Título: O fotógrafo dos espíritos

Autor: Nedyr Mendes da Rocha

Editora: EME

Categoria: estudo

Edição: primeira (maio 2011)

Proposta:
Relato da experiência vivida pelo autor no campo da mediunidade, especialmente na de efeitos físicos.

Formato:
Tamanho médio com 200 páginas que podem ser lidas em aproximadamente quatro horas. O livro é dividido em quatro capítulos: um breve resumo do histórico do espiritismo, a fase inicial da vida do autor na mediunidade, relatos dos fenômenos em Campinas, e relatos dos fenômenos em Uberaba.

Como era de se esperar há muitas fotografias (umas 40 no total). Uma boa parte delas ilustrando os fenômenos presenciados pelo autor, especialmente as materializações de espíritos.

Linguagem:
Linguagem simples e coloquial, própria de quem escreve um diário. Além disso, traz muita emoção em alguns trechos.

Avaliação:
Após tantos anos decorridos das famosas sessões de materialização de Uberaba apareceu um livro com o registro fotográfico dos fenômenos. De certa forma ele vem preencher a lacuna da promessa não cumprida pela equipe de médicos da publicação dos experimentos realizados com os médiuns.

Deve-se louvar a iniciativa do autor já que estes acontecimentos fazem parte da história do espiritismo brasileiro e não podem ser esquecidos. Provavelmente muitas pessoas o aconselharam a não publicar este livro porque foi um momento muito difícil para o movimento espírita onde pouquíssimas pessoas se lançaram na defesa dos fenômenos.

E não foi por falta de coragem dos espíritas, mas sim pela contudência das críticas baseadas nos muitos indícios de fraude. Podemos até não colocar a questão no centro das discussões, mas também ela não pode ser abandonada como tem sido desde então. Assim, parece muito oportuno o lançamento deste livro para que seja feita uma revisão de tudo o que aconteceu.

Este livro cumpre esta função e, mais do que isso, revela uma história emocionante de um homem que viveu intensamente o espiritismo. É uma pena que Nedyr tenha partido antes do lançamento de seu livro, mas, com certeza, de onde estiver ele estará com a sensação do dever cumprido.

Discussão:
Seguem abaixo algumas passagens:

Página 23 do capítulo I:
Para que essa verdade pudesse aflorar e chegar a todas as mentes terrestres, muitas experiências foram realizadas com a participação atuante do Mundo Espiritual Superior. A realidade da existência de Espíritos tinha que ser demonstrada objetivamente e não através de falácias que nada provavam.
É uma posição respeitável, mas as manifestações de efeitos físicos nem sempre conduzem a demonstração da existência do espírito.

Página 35, 37, 41 do capítulo II:
Fiquei internado no Hospital Central da Marinha, na ala de Psiquiatria, fazendo exames e, o pior, fazendo o tratamento existente na época, choque elétrico nas têmporas, para me acalmar. (pag 35)
Aí eu entrava em crise. Gritava pelo meu irmão Nélio, que trabalhava comigo na mesma empresa, perdia os sentidos e só vinha a acordar horas depois, prostrado, na minha casa. (pag 37)
Depois de muitos anos de doutrinação em vários centros espíritas, foi ali [em sua casa] que, finalmente, ele [espírito obsessor] resolveu me perdoar, mas com uma condição: que eu continuasse nos estudos doutrinários e trabalhasse mediunicamente para servir, pois este seria o único escudo que garantiria a minha integridade física. (pag 41)
Nedyr passou por uns maus bocados até se recompor espiritualmente. Ele tinha todos os motivos para defender a todo o custo a causa espírita.

Página 61 do capítulo III:
Por sua vez, em algumas ocasiões, talvez pelo ambiente não oferecer condições adequadas, o Espírito não consegue revestir seu próprio perispírito com o ectoplasma e, então, lança mão do perispírito do médium, revestindo-o com aquela matéria orgânica. Aí acontece, como é de se esperar, a semelhança do vulto materializado com o do médium. A esse fenômeno dá-se o nome de superincorporação.
Assisti a esse fenômeno por várias ocasiões, mas nunca coloquei em dúvida a autenticidade dos fatos, como outros fizeram. Sempre tive o cuidado de ponderar à luz da razão à medida que coisas novas aconteciam.
Esta hipótese da superincorporação aparentemente foi sendo esquecida com o tempo e agora relembrada pelo Nedyr.

Página 65 e 66 do capítulo III:
... o Dr. Alberto Veloso, que foi médico no Rio de Janeiro, serviu na Marinha de Guerra no HCM - Hospital Central da Marinha - e com quem meu pai, Nestor Mendes da Rocha, que foi enfermeiro naquele nosocômio, trabalhou e que se apresentava regularmente, e muitas vezes simultaneamente à Irmã Josepha ...
Se apareceram simultaneamente então poderia haver uma foto deles juntos. Será que existe esta foto?!

Página 67 do capítulo III:
Não sabemos a forma como isso ocorre, se o Espírito se "embebe" todo com a argamassa formada pelos diversos ectoplasmas ou se utiliza de outro procedimento. Uma coisa é certa. É muito sutil a realização da materialização. Não é só visível e fiel a fisionomia do Espírito materializado como também, em alguns casos, foi possível medir os batimentos cardíacos do ser materializado, medir sua temperatura e dialogar com a médium que ele estava utilizando.
Hipótese interessante para explicar a construção do corpo "materializado", mas não explica os batimentos cardíacos e a temperatura do corpo. A não ser que o Espírito tenha um coração ou um sistema circulatório equivalente.

Página 74 do capítulo III:
Foi assim, que tive contato visual do ectoplasma, essa matéria ou fluido, que tanto tem ocupado espaço nos livros espíritas e científicos, sem que, entretanto, se chegue a algum esclarecimento satisfatório de sua origem e constituição.
Para quem acha que somente os fenômenos de efeitos físicos podem provar a realidade do espírito então o simples contato visual é decepcionante. No mínimo, Nedyr deveria ter colocado a mão na substância ectoplasmática.

Página 76 do capítulo III:
Fenômenos de transporte
O ectoplasma, por ser uma matéria viva e instável, sempre apresentando movimento, não serve para se tecer, ou seja, dele se fazer um pano tecido à mão ou máquina.
As vestes que víamos cobrindo os espíritos, na maioria das vezes, não eram de ectoplasma, mas sim, realmente de tecidos, quase sempre o filó, por ser mais leve e maleável. (...)
Aquelas peças de tecidos eram trazidas de fora, emprestadas de algum lugar e os espíritos que se apresentavam revestiam os seus perispíritos com elas, para cobri-los e dessa forma se caracterizarem com suas aparições.
Hipóteses são hipóteses, mas esta não é facilmente assimilável. Já que emprestavam os tecidos então também poderiam emprestar algumas roupas já prontas e mais apresentáveis do que um monte de pano branco mal costurado.

Página 84 do capítulo III:
O Espírito materializado acionava essa luz vermelha em intervalos de tempo intermitentes, tornando-se visível a todos que se encontravam no recinto. Imaginem uma sala totalmente escura, tão escura que não se conseguia ver as palmas das mãos diante do rosto. Ocorridos alguns minutos, os olhos se acostumavam com a escuridão. Acendendo-se uma pequena lâmpada vermelha de 15 W, inundava-se a sala com uma claridade muito grande devido à abertura total da íris de nossos olhos. Víamos o Espírito materializado com muita nitidez, pois ele se posicionava praticamente debaixo da lâmpada. A cor vermelha e fraca da lâmpada era utilizada por afetar muito pouco o ectoplasma.
Interessante observar aqui as condições de iluminação das sessões e a sua explicação.

Página 86 do capítulo III:
Desligavam-se as lâmpadas e todos permaneciam em silêncio, com o fundo musical. Então o dirigente fazia profunda prece de elevação espiritual. Logo se começava a ouvir os primeiros sons dos médiuns regurgitando o ectoplasma. De dentro da cabine o som era mais forte, às vezes acompanhados de uma espécie de gemido e palavras ininteligíveis; também sentíamos forte perfume de rosas.
Interessante observar aqui as condições sonoras das sessões.

Página 87 do capítulo III:
Passeava pela sala, acendendo e apagando a luz vermelha, totalmente calada. Aliás, nunca assisti a Irmã Josepha falar quando estava visível à luz de alguma lâmpada. Mesmo quando ia fotografá-la - havíamos combinado que só o faria quando ela permitisse e através de um sinal característico, que era um pequeno gemido - ela não falava, nem comigo. Parece-me que reservava as forças ectoplasmáticas num esforço de pensamento para que elas não se dispersassem.
A observação do Nedyr é muito pertinente, mas a explicação nem tanto. Se era capaz de falar no escuro então também poderia falar no claro (ou quase claro).

Página 88 do capítulo III:
Decorrido algum tempo em silêncio, entoávamos novamente algum hino para manter as pessoas concentradas nos trabalhos. Aí, éramos envolvidos por um forte sentimento de paz, inebriados pela emoção, pelo amor. Leves. Desprendidos do corpo, a flutuar nos braços carinhosos da espiritualidade.
Interessante observar aqui as condições emocionais das sessões.

Página 89 do capítulo :
Raramente falava com as pessoas e quando o fazia utilizava o megafone que existia no recinto (o megafone era utilizado para amplificar a voz do Espírito Alberto Veloso).
Por mais baixa que fosse a voz do espírito ela poderia ser ouvida numa sala pequena, fechada e completamente em silêncio. Um megafone serve para falar para multidões e ao ar livre. Aliás, por que o Veloso teria dificuldade para falar?!

Página 89 e 90 do capítulo III:
Certa vez pedi a Irmã Josepha permissão para tirar algumas fotos sequenciais, a fim de constatar se realmente o ectoplasma sofria ação da luz. Ela permitiu. Eu havia traçado então, anteriormente, com um giz, um pequeno círculo no chão, onde o Espírito deveria situar-se e, sentado a uma cadeira fiquei, na mesma posição a fim de que a distância entre nós fosse sempre a mesma. O resultado foi o aguardado: o vulto foi diminuindo de tamanho, gradativamente, à medida que eu o fotografava e a luz do flash o iluminava. Na última foto aparecia um Espírito com todas as características da Irmã Josepha, mas com apenas uns 50 centímetros de altura. Uma materialização em proporções minúsculas.
Muito bem pensada esta experiência. É uma pena que o Nedyr não tenha publicado estas fotos também.

Página 96 do capítulo III:
Ficávamos embriagados por sorver tanto amor. Contando assim talvez eu consiga passar ao amigo leitor como eram essas sessões, e quanto eram aguardadas.
A importância destas sessões para as pessoas que participavam delas era muito grande mesmo.

Página 106 do capítulo III:
Aí, ela pedia para que as pessoas não a tocassem. Infelizmente, alguns assistentes inescrupulosos - isso, às vezes ocorria em sessões de demonstração - tentavam tocá-la e, tivemos mesmo o caso de alguns tentarem agarrá-la, mas sem êxito.
O respeito a entidade materializada deveria ser muito grande.

Página 147 do capítulo IV:
Comigo o Espírito Irmã Josepha, conversou muito e confirmou o que já havia dito em outras ocasiões em Campinas, que ela foi minha mãe em outra encarnação, por isso tinha muita afinidade e apreço por mim.
Não é a toa a emoção que Nedyr transmite em suas palavras ao escrever sobre a freira.

Página 151 do capítulo IV:
Nessa fotografia dá para se observar, ainda, através do véu, a cor rósea do rosto do Espírito materializado da Irmã Josepha, tirando dúvida da hipótese, de alguns experimentadores, de que os espíritos se materializavam em branco e preto.
Se o espírito consegue até ter determinada temperatura por que não haveria de ter uma corzinha, né?

Página 158 do capítulo IV:
Presente, também, o jornalista Jorge Rizzini, convidado para filmar e gravar a sessão [com os repórteres].
Essa informação não bate com outros registros como no próprio livro do Rizzini e nas revistas "O Cruzeiro". Provavelmente, Nedyr se confundiu com alguma outra sessão.

Página 164 do capítulo IV:
Impossível. Não posso acreditar. De onde surgiu toda essa roupa, enorme, para cobrir a médium?, pensava um. Mas como ela passou pela cabine, tão sutilmente, sem nenhum barulho?, pensava outro. E como estivesse captando esses pensamentos, o Espírito retornou em direção à cabine (jaula) e a transpassou. Lá de dentro voltou a falar, primeiramente dirigindo-se a mim, que era quem estava comandando o flash eletrônico (preso no forro da sala) que só fotografasse quando ela desse autorização, que seria dada pela emissão de um gemido. Todos, do lado de fora da jaula, atentos e tensos, em silêncio, ficamos aguardando o breve sinal. Um dos repórteres ficou me apressando para que clicasse logo o flash, o que neguei argumentando que poderia prejudicar a médium. Momentos depois se ouviu o gemido.
Nedyr deve ter se confundido novamente, pois a jaula não foi usada na sessão com os repórteres. Interessante observar também que havia um controle rigoroso sobre o que os repórteres poderiam fazer.

Página 170 do capítulo IV:
Como conciliar esses fatos nas mentes desconfia¬das dos repórteres e fotógrafos da equipe de O Cruzeiro? E daqueles poucos médicos ainda incrédulos, que desde o mês de setembro, portanto durante três meses, vinham acompanhando as várias sessões de materialização?
De acordo com Nedyr participaram 26 médicos das sessões de novembro de 1963. Nas sessões de janeiro de 1964 foram apenas 13 médicos.

Página 178 da Conclusão:
Existem vários argumentos que podemos apresentar para explicar tal semelhança. Mas, o Espírito Irmã Josepha, em várias oportunidades, afirmou ser a médium Otília Diogo sua filha carnal, daí a semelhança.
Informação importante esta já que foi duramente criticada na época por se tratar da gravidez de uma freira de 52 anos.

Página 184 da Conclusão:
O tórax [do espírito Alberto Veloso], entre o pescoço e a cintura é coberto por esse tecido fino, no formato de uma camiseta com mangas compridas encobrindo, inclusive as mãos. A manga é ligada ao corpo da camiseta por uma dobra rústica.
Nesta parte pode-se notar, bem acentuada, a formação de um seio de mulher, aparecendo, inclusive, o mamilo com seu aspecto próprio.
Observação muito pertinente a dos seios. É curioso observar ainda que a mesma dobra rústica citada também aparece nas vestes da freira.

Página 194 e 195 da Conclusão:
Passado algum tempo, certa noite recebi um telefonema de uma pessoa de São Paulo, desesperada, pedindo que eu fosse para lá porque a Otília estava muito mal e que o caso era urgente e me passaram o endereço. Para lá me dirigi, imediatamente, e o que assisti foi estarrecedor. Ela estava embriagada, vestida com trajes brancos e por baixo alguns penduricalhos que lhe serviam para enganar pessoas.
Provavelmente Nedyr se refere ao evento ocorrido em 1970 e publicado pela revista "O Cruzeiro".

26 comentários:

  1. Ola Vital,

    Gostei dos seus comentários. Realmente, há coisas que ele descreve que não estão de acordo com o que ele havia me contado também. Inclusive momentos quando o Nedyr conta que só tirou uma foto, mas na verdade, foram várias.

    []´s
    Ademir Xavier
    eradoespirito.blogspot.com

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  2. Oi, Ademir!

    Que bom que você gostou! A foto do "close" do ectoplasma saindo da Otília é uma delas, né?

    Algumas destas coisas a gente pode por na conta do esquecimento e da revisão do texto. Vai saber?!

    Abraço!

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  3. Olá, Vital. Tudo certo?

    Na avaliação do livro você diz: "(...) pouquíssimas pessoas se lançaram na defesa dos fenômenos. E não foi por falta de coragem dos espíritas, mas sim pela contudência das críticas baseadas nos muitos indícios de fraude". Poderia, por obséquio, enumerar alguns desses "muitos indícios de fraude"?

    Quanto à "Discussão", achei algumas de suas observações importantes, outras descompromissadas demais e outras ainda com as quais não concordo, que serão comentadas a seguir.

    Seu comentário ao trecho transcrito da pág. 23 do livro pareceu-me um pouco desconexo. Nedyr falava da necessidade de que a existência de Espíritos fosse demonstrada objetivamente, não que as manifestações de efeitos físicos demonstrassem sempre a existência de Espíritos.

    Seu comentário ao trecho transcrito da pág. 74: "Para quem acha que somente os fenômenos de efeitos físicos podem provar a realidade do espírito então o simples contato visual é decepcionante. No mínimo, Nedyr deveria ter colocado a mão na substância ectoplasmática". Mas Nedyr não disse que somente os fenômenos de efeitos físicos *podem* provar a realidade do Espírito, mas que somente esses *puderam* prová-la. É algo bem diferente. Então, não há nada de decepcionante apenas com a experiência visual do fenômeno ectoplásmico que ele teve.

    Sua observação ao trecho transcrito da pág. 76: "Hipóteses são hipóteses, mas esta não é facilmente assimilável. Já que emprestavam os tecidos então também poderiam emprestar algumas roupas já prontas e mais apresentáveis do que um monte de pano branco mal costurado". Mas não se trata apenas de uma hipótese. Lembro-me de ter lido (creio que num dos livros do Aksakof) um caso em que o próprio Espírito materializado afirmara isso. Ademais, para se dizer o que Espíritos materializados podem ou não podem fazer no que diz respeito à sua vestimenta, teríamos que entender os meandros do fenômeno de materialização, o que ainda estamos longe de conseguir.

    Sua observação ao trecho transcrito da pág. 87: "(...) Se [Irmã Josepha] era capaz de falar no escuro então também poderia falar no claro (ou quase claro)". Para se afirmar isso, teríamos que conhecer todas as circunstâncias psicoespirituais da ocasião, o que nos foge ao alcance.

    Seu comentário ao trecho transcrito da pág. 89 do livro: "Por mais baixa que fosse a voz do espírito ela poderia ser ouvida numa sala pequena, fechada e completamente em silêncio. Um megafone serve para falar para multidões e ao ar livre. Aliás, por que o Veloso teria dificuldade para falar?!" Megafones servem para se falar para multidões e ao ar livre, é verdade, mas não somente para isso. Sempre foi comum o uso de megafones em sessões de efeitos físicos (não me pergunte por quê; acabei ficando curioso com isso e pretendo um dia dar uma vasculhada geral em minha biblioteca sobre o assunto pra ver se encontro a razão histórica da coisa.) Agora, sobre Veloso ter dificuldade pra falar, eu tenho um palpite: se era mesmo um Espírito materializado ali, não podemos desconsiderar a dificuldade de adaptação de um ser com tendências masculinas no perispírito de uma pessoa do sexo feminino. De quaquer forma, os fatores envolvidos são vários, e o fato de uma entidade materializada não falar nada prova a favor ou contra o fenômeno.

    Um abraço!

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  4. Oi, José Edmar!

    Que alegria ver você por aqui!

    Bem... tem muita coisa pra comentar, mas vamos começar do começo... rsrs!!! Quando uso a expressão 'indícios de fraude' quero dizer que existem marcas ou vestígios de uma possível fraude. Não quer dizer que houve fraude, mas merece ou merecia uma averiguação mais aprofundada.

    Com este entendimento posso apontar os seguintes 'indícios de fraude':

    1. O rosto do Veloso (página 62) é totalmente feminino com exceção da barba
    2. O Veloso se apresenta com seios (página 185)
    3. O rosto da Josefa e da Otília são muito semelhantes (páginas 178 e 179)
    4. As roupas da Josefa e do Veloso possuem a mesma marca de costura na manga um pouco abaixo do ombro (ver, por exemplo, páginas 150 e 169)
    5. O material que sai das narinas do Feitosa (página 73) se emendam e a "luva" que sai de sua boca é de um material bem diferente do apresentado na página 150
    6. Josefa dizia que Otília era sua filha (página 178), mas quando Otília nasceu a freira já tinha 52 anos
    7. As fotos que sugerem que Josefa atravessava as grades da jaula não são convincentes e, por isso, são suspeitas
    8. Na sessão com os repórteres não foi feito uso da jaula
    9. Mesmo após dez anos de fenômenos não há uma única foto mostrando Otília e Josefa ao mesmo tempo
    10. Otília fraudou durante vários anos (referência no livro do Rizzini)

    Quanto ao comentário ao trecho da página 23 eu fiz apenas uma ressalva ao posicionamento do Nedyr.

    Quanto ao comentário ao trecho da página 74 o que coloco como decepcionante é o fato de Nedyr e nenhum dos médicos de Uberaba ter, ao menos, tocado na substância.

    Quanto ao comentário ao trecho da página 76 é importante considerar que se o transporte de tecidos é possível então o transporte de roupas prontas também o é. Ou não?

    Quanto ao comentário ao trecho da página 87 não consigo vislumbrar qualquer explicação para que um fantasma deixe fotografar seu rosto no claro, fale no escuro, mas não fale no claro.

    Quanto ao comentário ao trecho da página 89 creio que não há diferenças significativas no aparelho vocal de um homem e de uma mulher. O que acho importante destacar é que pode-se suspeitar de fraude quando apenas o fantasma homem não fala ou fala somente em determinadas circunstâncias.

    Abraço!

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  5. Oi, Vital.

    Irei comentar de trás para frente, pra deixar o ponto principal (os aludidos "vestígios de uma possível fraude") para o fim.

    Sobre o trecho da pág. 89, talvez não haja mesmo diferenças significativas entre os aparelhos vocais masculino e feminino (não sei, precisaria pesquisar), mas o que ressaltei foi a possível dificuldade de um Espírito com tendências masculinas "manejar as energias" do perispírito desdobrado de uma pessoa do sexo feminino. Não quis me referir a questões morfológicas, mas a dificuldades gerais de adaptação, o que certamente dificultaria a fala do Espírito "materializado".

    Sobre o trecho da pág. 87, a explicação de Nedyr parece-me bastante razoável: "Parece-me que [Irmã Josepha] reservava as forças ectoplasmáticas num esforço de pensamento para que elas não se dispersassem", por isso não falava quando estava no claro (é fato conhecido a sensibilidade de Espíritos materializados à luz comum).

    Sobre o trecho da pág. 76, é fato que, segundo as circunstâncias, também seria possível o transporte de roupas prontas. Mas urge atentar para o seguinte: no processo de materialização de Espíritos, não podemos dizer a priori que seria mais fácil eles se vestirem com roupas prontas do que se enrolarem em panos com amarrações.

    Sobre o trecho da pág. 74, o que você colocou como decepcionante foi o fato de Nedyr, que para você achava "que somente os fenômenos de efeitos físicos podem provar a realidade do espírito", não ter tido contato tátil com o ectoplasma. Mas repito que não só Nedyr não achava que somente os fenômenos físicos *podem* provar a realidade do espírito, como não vejo nada de decepcionante em ele não ter "sentido com as mãos" a substância. O que podemos, sim, considerar de certa forma decepcionante é o fato dos médicos de Uberaba não terem coletado uma amostra do ectoplasma liberado para análises físico-químicas.

    Sobre o trecho da pág. 23, sua ressalva não foi feita ao texto do Nedyr em si; talvez você estivesse se referindo a outro trecho, sei lá...

    (cont.)

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  6. (cont.)

    Agora, vejamos os supostos "indícios de fraude"...

    Daqueles apontados, os 7 últimos nem mesmo de longe podem ser considerados "vestígios de uma possível fraude":

    10. O fato de Otília ter fraudado durante vários anos (entre 1965 e 1970, segundo Rizzini) não implica que ela também tenha fraudado antes disso. É preciso analisar as condições em que as sessões de materialização foram realizadas. E não me consta que em nenhuma daquelas ocorridas entre os anos referidos Otília tenha sido algemada, como aconteceu em sessões de 1963 e 1964
    9. O fato de não existir uma foto mostrando Otília e Irmã Josepha juntas obviamente não é indício de fraude
    8. O fato de não ter sido usada uma jaula na sessão com os repórteres, da mesma forma, não é indício de fraude
    7. Discordo de que as fotos que sugerem Irmã Josepha atravessando as grades da jaula não são convincentes. Dê uma olhada nas figuras B1 e B2 do livro (págs. 190 e 191, respectivamente) e diga-me o que há de "suspeito" ali
    6. O fato de Irmã Josepha afirmar ser mãe de Otília nada tem a ver com a realidade do fenômeno em si. Um coisa é a materialização de Espíritos, outra, bem diferente, é o que os Espíritos materializados afirmam
    5. Não consegui ver a *emenda* do material que sai de cada uma das narinas de Antônio Feitosa (pág. 73), apenas que há um *encontro*, e o fato da "luva" que sai de sua boca naquela foto ter um aspecto bem diferente do material apresentado na foto da pág. 150 nada tem de estranho, pois é fato conhecido desde as pesquisas de Richet, Schrenck-Notzing, etc., que o ectoplasma apresenta-se com aspectos variados
    4. Você diz que as roupas de Irmã Josepha e Alberto Veloso apresentam uma marca em comum. Ora, ainda que as roupas fossem idênticas não poderíamos considerar isto como indício de fraude! O que urge ser analisado é se a hipótese de uma pessoa que consegue trazer escondida sob as roupas íntimas panos quilométricos e, algemada, desvencilhar-se das algemas, trocar-se de roupa, voltar a vestir-se como estava e, ainda por cima, algemar-se novamente (isso tudo sem ninguém perceber!) é mais razoável do que assumir a realidade de um autêntico fenômeno de materialização...

    Agora vejamos os 3 primeiros "indícios de fraude" apresentados. Conquanto "olhando de longe" possamos mesmo considerá-los vestígios de uma possível fraude, olhemos mais de perto...

    3. Não acho os rostos de Irmã Josepha e Otília tão semelhantes assim. O de Josepha é mais "gordinho", com traços mais suaves. Mas ainda que seja considerado que a semelhança é, de fato, muito grande, temos que levar em conta o fenômeno da "superincorporação", referido por Nedyr no livro e muito comentado por Ranieri no "Materializações Luminosas", do qual temos um exemplo interessante reportado na obra mediúnica "Nos Domínios da Mediunidade" (André Luiz/Chico Xavier). É claro que esse argumento não convenceria os céticos, mas nós, espíritas, não podemos alegar ignorância a respeito. Para os céticos eu mandaria o comentário anterior, apesar de não duvidar de que ainda assim eles negariam a realidade do fenômeno ali. São os valores subjetivos envolvidos...
    2 e 1. O fato do Espírito Veloso materializado apresentar seios e rosto feminino, exceção à barba, pode também ser explicado pelo fenômeno da "superincorporação". Repetiria, ademais, o que já disse no comentário 4 (acima). E acrescentaria o seguinte: será que Otília Diogo teria sido tão burra de, não satisfeita em fingir-se de Irmã Josepha, ter botado umas barbas no queixo e feito passar-se por Espírito homem materializado?...

    Por hoje é só.

    Um abraço!

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  7. Oi, José Edmar!

    Sobre o transporte do tecido é preciso considerar que, segundo Nedyr, os próprios espíritos fariam os cortes e as costuras necessárias para produzir as roupas que seriam usadas durante as sessões. Então, é evidente que seria mais simples "emprestar" uma roupa já pronta. Aliás, estas roupas costuradas pelos espíritos aparecem em mais de uma ocasião. Isto nos leva a acreditar que numa segunda ocasião a roupa já estaria costurada.

    Sobre a análise do material expelido pelos médiuns penso que deveria ser um ponto básico de um estudo sobre o ectoplasma. E após dez anos participando de sessões de materialização não tenho outra palavra mais amena do que decepcionante para o fato do autor não ter sequer tocado a substância. Eu até me contentaria se ele dissesse que não tinha permissão de fazê-lo.

    Vamos aos indícios de fraude:

    10. Se a própria Otília confessou que fraudou entre 1965 e 1970 então temos que suspeitar de que ela possa ter fraudado também em 1964. No flagrante de 1970 Otília também se submeteu as amarrações. E escapar delas fazia parte do show.

    9. Após dez anos participando ativamente das sessões é inconcebível que não exista uma foto simultânea do fantasma e da médium.

    8. A retirada da jaula diminui os controles contra fraude. Para a sessão com os repórteres deveriam ter usado a jaula e todos os controles possíveis.

    7. As fotos devem ser observadas no seu conjunto. Há outras duas nas páginas 140 e 142 e também outras publicadas na revista "O Cruzeiro". Observe, por exemplo, na foto da página 140, que o rosto do fantasma está apoiado entre as duas grades verticais. O tecido que sai da cabeça passa por trás da grade vertical e se apóia sobre a barra horizontal que fica na altura do queixo do fantasma. Este véu é comprido, vai até o chão, e cobre toda a grade vertical. Pode-se ainda observar que o vestido do fantasma na altura do joelho encontra-se apoiado numa barra horizontal pelo lado de dentro. É preciso considerar também que o fantasma não atravessa a cortina como se observa pelo apoio sobre as mãos do fantasma.

    6. Se Josefa mentiu que Otília é sua filha então acho razoável duvidar do fenômeno.

    5. O 'encontro' existente entre os cordões que saem das duas narinas traz a suspeita de ser um único cordão. E nesse caso é pertinente a dúvida de como isto poderia ter acontecido. Quanto ao aspecto da substância que sai da boca do Feitosa o que coloco em questão é que é o mesmo orifício, o mesmo médium, mas aspectos completamente distintos.

    4. As costuras semelhantes nos ombros são indícios de que as roupas são as mesmas. Poderíamos perguntar, então, por quê não poderiam ser diferentes. Ou então, perguntar por quê tinham de ser vestidas de tal forma a ter aspectos distintos. É claro que isto não prova nada, mas dá o direito de nos questionarmos.

    3. O próprio Nedyr que passou dez anos fotogrando Josefa é quem diz que os rostos são semelhantes. Novamente, isso dá o direito de qualquer um, espírita ou não, colocar o fato sob suspeição ainda que admitamos a hipótese da superincorporação.

    2 e 1. Quando se admite que o corpo e o rosto são femininos com exceção da barba saliente é preciso considerar como isto se adéqua à hipótese da superincorporação. Será que o espírito faria uma barba apenas para parecer um homem? Ou será que a barba veio pelo fenômeno de transporte? Observe na foto (página 62) que há algo estranho (uma prega talvez) entre o nariz e a barba... o que seria isso?

    Abraço!

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  8. Olá, Vital.

    Sobre a vestimenta das entidades materializadas, segundo Nedyr, "o tecido era transformado pela ação da vontade dos Espíritos", não cortados e costurados pelos mesmos, o que dá uma ideia de procedimento mecânico. No mais, não vejo nada de evidente em que seria mais simples "emprestar" uma roupa pronta, pois para dizermos isso teríamos que conhecer os meandros do processo de "vestir-se" dos Espíritos materializados.

    Sim, a análise do ectoplasma deveria ser ponto básico para um *estudo* da substância, mas não encontrei em nenhum ponto do livro Nedyr afirmando que tivera esta intenção. Também não encontrei onde estaria dito que ele participara durante 10 anos de sessões de *materialização* (a referência na pág. 90 ao dito tempo é feita apenas à contribuição de médiuns de *efeitos físicos* na produção de fenômenos visuais e no socorro físico e espiritual de pessoas acometidas por doenças). Além disso, ainda que ele tenha participado durante 10 anos de sessões de materialização, continuo não vendo nada de "decepcionante" em Nedyr não ter tido uma experiência tátil com o ectoplasma. Experiências desse tipo são importantes para a primeira e segunda infâncias, não para o estudo científico do ectoplasma.

    (cont.)

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  9. (cont.)

    Como você insiste em referir-se aos seus 10 pontos como "indícios de fraude"... Começarei novamente dos pontos 10 a 4, e repito novamente que nem de longe eles podem ser alocados como "indícios de fraude".

    10. No flagrante de 1970 foi feita referência explícita apenas a amarrações nos pulsos de Otília, e havia uma maleta que sempre a acompanhava. Já nas sessões de fins de 1963 e naquela de 1964 com os repórteres, não só não havia maleta alguma, como a médium era *algemada* e tinha também as pernas e o tórax atados com correias de couro a uma cadeira. Os controles, portanto, eram bem diferentes.

    9. Nedyr não passou 10 anos pesquisando as materializações através Otília Diogo. De onde tiraste isso?

    8. Sim, a retirada da jaula diminuiu os controles contra fraude, mas isto jamais poderia ser considerado como "indício de fraude".

    7. Observei todas as fotos em conjunto e não encontrei qualquer indício de que o "fantasma" de fato não tenha saído da jaula. Mas irei me ater à sua descrição da foto da pág. 140, que me afigurou-se inconsistente. Você diz que "o rosto do fantasma está apoiado entre as duas grades verticais". Não vi. Olhei a foto ampliada (pág. 191) e também não constatei isso. Mas continuemos... Você diz que o véu vai até o chão (!) e que cobre toda a grade vertical. Ora, se o rosto do fantasma está *apoiado* sobre duas grades verticais, como você diz, parece-me então uma impossibilidade física o véu do fantasma cobri-las simultaneamente até o chão... Em continuidade você diz que "o vestido do fantasma na altura do joelho encontra-se apoiado numa barra horizontal pelo lado de dentro", mas o que vejo é simplesmente parte do vestido à frente da barra horizontal inferior e parte atrás, e isto sem apresentar qualquer vinco na direção da barra. Simplesmente fantástico!... Quanto ao fantasma não ter atravessado completamente a cortina, qual o problema?... Aliás, vale notar uma formação esbranquiçada sobre o livro no momento em que ele é oferecido ao fantasma (fotos nas págs. 141 e 190), ou seja, talvez este nem tenha precisado colocar suas "mãos" para fora da cortina pra pegar o presente...

    6. Ainda que Josepha tenha mentido (não sei, é preciso averiguar melhor se a Irmã Josepha descoberta pelos repórteres seria mesmo a Irmã Josepha das materializações), isto não coloca em dúvida o fenômeno em si, de forma alguma. Aliás, se fosse pra Otília inventar uma mãe fictícia, por que cargas d'água ela iria escolher uma pessoa cuja vida poderia ser facilmente descoberta e que, não bastasse, teria 52 anos quando ela nasceu?...

    5. Dúvida se os dois cordões que saem da narina do Feitosa não seriam na realidade um único cordão obviamente não é "indício de fraude". E o fato de substâncias emanadas de um mesmo orifício de um mesmo médium apresentarem-se diferentes muito menos poderia ser considerado como tal. Não existe qualquer teoria que afirme que, se o ectoplasma é emanado pelo mesmo orifício de um mesmo ectoplasta, ele então deverá sempre ter o mesmo aspecto.

    4. O questionamento de por que as roupas de Irmã Josepha e Alberto Veloso não poderiam ser diferentes ou de por que os Espíritos materializados eram vestidos daquele forma não se enquadra na categoria de "indícios de fraude".

    (cont.)

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  10. (cont.)

    Vamos agora aos pontos que, a depender do olhar, poderiam mesmo ser considerados como indícios de fraude.

    3. Você diz que, devido à semelhança entre Irmã Josepha e Otília Diogo, todos têm o direito de suspeitar da realidade do fenômeno. Sim, qualquer um tem o direito de suspeitar do que quiser. Mas deixo então, principalmente àqueles que aceitam a possibilidade do fenômeno da "superincorporação", a pergunta: a hipótese de uma pessoa que consegue trazer sob as roupas íntimas panos quilométricos e, algemada e com as pernas e o tórax presos, consegue desvencilhar-se de tudo, trocar-se de roupa, voltar a vestir-se como estava e, ainda por cima, algemar-se e prender suas pernas e tórax novamente (isso tudo sem nenhum investigador perceber!) é mais razoável que assumir a realidade de um autêntico fenômeno de materialização?...

    2 e 1. Suas perguntas são interessantes, e eu não saberia respondê-las. De qualquer forma, posso dizer que barba nunca foi o forte de Espíritos materializados, mesmo com médiuns homens... Tenho vários livros sobre materialização em minha biblioteca e nunca vi uma foto sequer de Espírito materializado barbado que não seja esquisita, que não pareça que a barba é artificial. Talvez os pêlos em geral sejam difíceis de serem "materializados", razão pela qual também os cabelos das materializações raramente fiquem à mostra.

    Um abraço!

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  11. Olá, José Edmar!

    Na minha leitura do livro entendi que o Nedyr se esforçou no estudo do fenômeno das materializações. Já no segundo parágrafo do livro (página 15) ele escreve: "Foram anos e anos de expectativas, estudos, experimentações, e repetidas observações, para que nada passasse desapercebido e que não houvessem dúvidas futuras".

    O ectoplasma é a matéria-prima das materializações que representam o foco do livro. Que o Nedyr tivesse passado um ano (e não 10, como queira) participando ativamente de sessões semanais de materialização. Será que não valia a pena para o seu propósito de que "nada passasse desapercebido" ter analisado o ectoplasma mais detidamente? Pelo menos colocando a mão ele?

    Bem... em relação aos 10 pontos levantados por mim penso que cada um de nós tem uma avaliação subjetiva a respeito de serem ou não indícios de fraude. Aqui não temos muito o que discutir, mas apenas nos respeitar acerca desta subjetividade.

    De toda forma, resta ainda fazer algumas considerações sobre as questões mais objetivas em cada ponto.

    10. As correias também fizeram parte da sessão do flagrante. De qualquer forma, compreendo que quanto mais fortes forem os controles, melhor.

    9. Se não foram 10 anos então quantos foram? 9? 8? O nosso amigo Ademir Xavier também afirma que foram 10... veja em http://spiritistknowledge.blogspot.com/2011/06/new-book-o-fotografo-dos-espiritos.html

    8. O questionamento sobre a retirada da jaula tem a ver sobretudo por ter sido feita justamente na sessão com os repórteres. Aliás, a vitrola também não foi utilizada pelos fantasmas neste dia. E também o Veloso não falou. Claro que tudo pode ter sido coincidência ou ter alguma explicação qualquer, mas também dá margem a suposição de fraude.

    7. Para explicar melhor as considerações que fiz a respeito das fotografias eu teria que exibir as imagens com anotações minhas. Mas, infelizmente neste espaço dos comentários do post não existe esta possibilidade. Vou pensar em como fazer isso e retorno a este ponto. Apenas para não ficar a impressão de que estou fugindo da raia (eheh) faço referências as fotos da edição de 18/01/1964 e 08/02/1064 de "O Cruzeiro".

    6. Saber a razão da Otília ter escolhido Josefa como sua mãe fictícia não é fundamental para avaliar se esta mentira é ou não um indício de fraude. Mas, de toda a forma, sendo mentira penso que Otília escolheu uma personagem que causaria veneração. Dizem que mentira tem pernas curtas. Aliás, a freira Josefa era italiana, mas o fantasma tinha sotaque alemão.

    5 e 4. Aqui temos apenas avaliações diferentes sobre serem ou não indícios de fraude.

    3. No flagrante de 1970 aconteceu tudo isso que você escreveu: soltou-se de todas as amarrações feitas, retirou sua roupa e vestiu a roupa de freira que estava escondida, apresentou-se ao público, retirou e escondeu a roupa de freira, recolocou a roupa que estava antes, amarrou-se na cadeira da mesma forma como estava, e voilá! Se ela pode fazer isso em 1970 porque não poderia ter feito em 1964?

    2 e 1. Talvez algumas das barbas sejam, de fato, artificiais.

    Abraço!

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  12. Oi, Vital.

    Quando Nedyr diz "para que nada passasse desapercebido e que não houvessem dúvidas futuras", ele estava se referindo à questão *fenomenológica*. Para este fim, se foram realizados os controles necessários, se os experimentadores estiveram atentos a toda movimentação e se tudo foi documentado fotograficamente, não penso que houvesse também necessidade de uma experiência tátil com o ectoplasma.

    Sobre o que seria ou não "indício de fraude", não creio que exista grande interferência de fatores subjetivos. A subjetividade entra numa etapa posterior, na avaliação se um real indício de fraude é de fato elemento probante, ou seja, na aceitação ou não do fenômeno.

    Voltando uma vez mais aos pontos 10 a 4...

    10. Sim, as correias também fizeram parte do flagrante de 1970, mas é feita referência explícita apenas a amarrações dos pulsos de Otília na cadeira em que ela foi posta. Veja: "Da clínica do dr. S. M. trouxeram uma cadeira de otorrino, onde a médium foi amarrada. O coronel Guedes, o dr. Isidoro Gallo e o dono da casa prenderam os pulsos de Otília nos braços da cadeira". Já nas sessões de 1963 e naquela com os repórteres (1964), ela tinha também os pés e o tórax ou o abdome amarrados à cadeira.

    9. Respondendo às suas perguntas, não foram nem 10, nem 9, nem 8 anos o tempo que Nedyr passou pesquisando Otília Diogo. Não sei de onde Ademir tirou aquela faixa de tempo (1955-1965). Em 17/07/1963 Otília ainda morava em Andradas (reportagem de 03/08/1963 da "Fatos e Fotos"), e Nedyr, apesar de ter conhecido os fenômenos da médium naquela cidade, só começou a pesquisá-la quando ela se mudou para Campinas, em fins de 1963. Penso que o tempo que ele estudou a médium foi coisa de seis meses, um ano, um ano e meio, no máximo.

    8. Certo, agora ficou claro seu ponto de vista.

    7. Observei as fotos referidas. Não vejo nada ali que seja indício de fraude. Em especial, quanto à referida reportagem de 08/02/1964 da "O Cruzeiro", focada na "análise" do perito Carlos Éboli, tenho-a comentada (assim como as principais reportagens sobre o assunto). Se lhe aprouver, disponibilizo-a, para que você veja o quanto aquilo ali foi antiprofissional.

    6. Como os repórteres puderam constar que a "Irmã Josefa" cuja identidade encontraram (Luiza José Oddonino, italiana) era a mesma das materializações, que se dizia alemã? Não fica claro da reportagem que trata do assunto ("O Cruzeiro", 22/02/1964), que também tenho comentada e que posso disponibilizar, para que veja o quanto os repórteres foram infelizes em suas colocações. Aliás, Waldo Vieira (reportagem de 18/01/1964) diz que o nome da freira era outro, Maria José Domini...

    5 e 4. Não penso que seja apenas uma questão de "avaliações diferentes". A pergunta que deve ser respondida é esta: por que o fato dos "cordões" que saem das narinas do Feitosa parecerem se encontrar, as diferenças morfológicas das substâncias emanadas de sua boca em diferentes momentos e a parecença das roupas das materializações seriam "indícios de fraude"?

    Quanto à sua observação de que no flagrante de 1970 aconteceu tudo o que me referi em minha consideração 3 do comentário anterior, não é bem assim. Os controles eram diferentes (vide item 10, acima). Além disso, podemos acrescentar diferenças de contexto: nas sessões de 1964 os olhos de praticamente todos os presentes estavam voltados para a investigação do fenômeno (alguns inclusive com a clara intenção de encontrar uma prova de que tudo era uma farsa - caso dos repórteres), enquanto na sessão do flagra de 1970 parece que só o dr. S. M. estava com um olhar mais observador. E não podemos nos esquecer também da maleta inseparável da Otília, cuja presença, se também real em 1964, ao que parece não foi notada nem pelos médicos, nem pelos repórteres.

    Abraço!

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  13. Vital

    Para resumir:

    * Estou preparando um post sobre a 'teoria das evidências fotográficas' onde exploro do ponto de vista da lógica o uso de imagens para se 'comprovar' o 'não se comprovar' fenômenos considerados anômalos;

    * Adianto que não é possível - tão só usando imagens - se afirmar ou não a realidade de certos fenômenos transcendentes. Ou seja, se não da para dizer que sim, tb não da para dizer que não. Ainda mais em nossa época de filmes como 'Titanic' ou 'Avatar';

    * Concordo com o José Edmar e tb com o fato de que a 'forma' materializada não se parece com a médium, embora queira fazer que assim o seja.

    * Por isso fico com a opinião ou testemunho ocular de quem presenciou os fenômenos. Nesse caso, as materializações de Uberaba foram reais, ocorreram de fato, independente do fato da médium ter (ou não) fraudado tempos depois como vc diz;

    Nesse assunto, cada um acredita no que quiser, e da para perceber o uso pessoal que fazem do mesmo.

    Mas, como o proprio Nedyr me disse, na época, a tais reportagem do Cruzeiro, que denunciavam a fraude, fizeram com o o Espiritismo se tornasse muito conhecido. Segundo ele, depois dessa reportagem, o número de centros espíritas em Campinas aumentou bastante (rsrsrs).

    Assim, espero mesmo que os críticos continuem postando muitas críticas e dizendo que tudo é falso.

    Abração,
    Ademir Xavier
    eradoespirito.blogspot.com

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  14. Oi, José Edmar!

    Vamos aos pontos novamente:

    10. O importante é que fica claro que a hipótese de que Otília poderia se livrar das amarras é factível uma vez que ela o fez no flagrante.

    9. É o próprio Nedyr quem diz que foram aproximadamente 10 anos... veja:

    "Quando ia ocorrer alguma cirurgia, ela [Irmã Josefa] nada nos falava. Mas no final da sessão comentava para a gente - hoje tivemos uma grande bênção e uma grande cura alcançada. Assim eram as sessões de cura que durante aproximadamente 10 anos participamos e assistimos." (pag 91)

    8. Ok.

    7. Talvez você já tenha me enviado, mas na dúvida, por favor, pode me enviar.

    6. Se existisse outra Irmã Josefa você não acha que não teriam falado pro Rizzini?

    5 e 4. Se "cordões" saem das narinas por que haveriam de se juntar? Parece antinatural, não? Você conhece algum outro caso em que o que sai da boca do médium possui aspectos tão distintos? Sendo a mesma roupa usada para os dois fantasmas ficaria mais fácil a simulação, não?

    3, 2 e 1. Em 1964 os olhos estavam voltados para a investigação, sim, mas estavam sob a escuridão. Mesmo em 1970 o doutor não conseguiu identificar a fraude durante a sessão. Foi somente depois que Otília bebeu demais que o médico indiscretamente entrou no quarto onde ela dormia e abriu a maleta.

    Abraço!

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  15. Oi, Ademir!

    Assim que ficar pronto o post nos avise!

    Sobre a semelhança entre Josefa e Otília o próprio Nedyr diz que os rostos são semelhantes.

    Você não admite a hipótese de que as pessoas que participaram das sessões podem ter sido enganadas?

    Abraço!

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  16. Este comentário foi removido pelo autor.

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  17. Olá, Vital.

    Aos pontos uma vez mais. (Variações sobre um mesmo tema...)

    10. Sim, Otília livrou-se das amarras nos pulsos na sessão de 1970. Mas será que de posse deste fato poderíamos generalizar e dizer que ela também se libertaria de *algemas* (usadas em sessões de 1963 e na sessão com os repórteres, de 1964) e depois conseguiria livrar seus pés e tórax (ou abdome) das correias?

    9. Não, Vital, os 10 anos referidos por Nedyr no trecho (pág. 91) dizem respeito apenas à manifestação do alegado Espírito Irmã Josepha, e nas sessões de *cura*. Aliás, este é um ponto interessante. Seria também um farsa a Irmã Josepha que se manifestava através de outros médiuns? E o que dizer das curas realizadas pela mesma, das quais temos exemplos às págs. 92-95 do livro?

    8. Importante considerar que sua observação 8 (comentário de 26/06) só pode ser considerada um indício de fraude quanto à sessão específica com os repórteres.

    7. Não enviei, não. Irei fazê-lo.

    6. Não acho que se *existisse* outra Irmã Josepha teriam falado para o Rizzini. Teriam falado se tivessem *encontrado provas* da existência de outra Irmã Josepha. E vale notar o seguinte: na reportagem da "Fatos e Fotos" de 03/08/1963 é dito que a freira teria falecido há 9 anos (portanto, em 1954), enquanto que a Irmã Josepha cuja identidade foi descoberta pelos repórteres ("O Cruzeiro" de 22/02/1964) falecera em 1946...

    5 e 4. Quando ouço essa conversa de "antinatural" fico boquiaberto. Quanta pretensão... Quem é que sabe todas as possibilidades das manifestações da Natureza pra dizer o que é e o que não é natural?... A respeito das "ectoplasmias" do Feitosa, ainda que aquilo seja completamente "sui generis", não poderíamos enquadrar a coisa como *indício de fraude*. Quanto a ter ficado mais fácil uma simulação sendo a roupa dos dois "fantasmas" iguais, é vero, mas o fato em si (a similaridade das roupas de Irmã Josepha e Alberto Veloso) não se enquadra em *indício de fraude*.

    3, 2 e 1. Resumindo... Na sessão de 1970 houve fraude. É fato. Nas sessões de 1963 e naquela com os repórteres (1964), com controles mais rigorosos, desconsiderando os depoimentos recentes de Waldo Vieira (despidos de credibilidade, como mostrarei em um texto que pretendo escrever em breve), tudo o que há contra os fenômenos é isto: similaridade dos Espíritos materializados com a médium. Seria o suficiente para considerar tudo uma farsa? Cada cabeça é uma sentença...

    Um abraço.

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  18. Oi, José Edmar!

    Vamos lá...

    10. Diria que ela poderia se libertar de algemas e das correias.

    9. Independente do médium, Nedyr diz que foram 10 anos de Josefa nas sessões de cura. Portanto, seriam 10 anos de sessões de materialização. Onde Nedyr diz que Josefa se manifestava através de outros médiuns? A cura que Nedyr fala não é propriamente uma cura física, mas uma cura espiritual que pode ser ilustrada pela afirmação de que "mesmo os que morreram se curaram" (pag 91).

    8. Ok.

    7. Maravilha! Obrigado!

    6. Na mesma "Fatos e Fotos" é dito que a freira era do convento de Itu. Os repórteres foram lá e fizeram uma extensa matéria ("A Vida Santa da Irmã Josefa" na edição de 14/03/1964 em "O Cruzeiro"). Se houvesse outra Josefa as freiras responsáveis pelo convento teriam dito. De qualquer forma, veja o que Rizzini diz em seu livro:

    "Em São Paulo, ficaram Nedyr Mendes Rocha, Irineu Alves, Edílio Monteiro da Silva e Henrique Oliveira todos fazendo pesquisas em Campinas, Itú e Cosmópolis, nas ruas e conventos, sobre a vida de Irmã Josefa e o passado de Otília Diogo a fim de que pudéssemos, durante os debates, rechaçar com novos documentos a revista 'O Cruzeiro'."

    Rizzini não disse mais nada sobre estas pesquisas... por que será?

    5 e 4. Há muita controvérsia e especulação a respeito do ectoplasma. Ouve-se muito de que ele seria um fluido. E espera-se que um fluido escorra. Mas, o material que sai das narinas do Feitosa "quebra" esta característica. Quando uma coisa foge completamente dos casos de materialização conhecidos então, no mínimo, temos que suspeitar de fraude. Quanto às roupas, além de serem provavelmente as mesmas, elas não representam com alguma fidelidade as roupas que a freira Josefa e o médico Alberto Veloso vestiam. Por que um médico carioca se vestiria com um traje ao estilo oriental?

    3, 2 e 1. Se fosse só a similaridade dos fantasmas com a Otília então não seria suficiente mesmo para considerar tudo uma farsa.

    Abraço!

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  19. Olá, Vital.

    10. A *possibilidade* de Otília libertar-se de *algemas* (e depois de correias no corpo e nos pés) é mera conjectura, não "indício de fraude".

    9. Nedyr não disse explicitamente que o Espírito Irmã Josepha se manifestava através de outros médiuns. Entretanto, se considerarmos que ele só iniciara seus trabalhos com Otília Diogo em algum momento do 2o. semestre de 1963 e que, anos antes de 1970 (provavelmente 1965), já não participava de sessões com a médium, é uma consequência lógica que, se foram 10 anos de sessões de cura envolvendo a materialização de Irmã Josepha, este Espírito se manifestava também através de outros médiuns. Agora, aquela frase que você pinçou na pág. 91 ("mesmo os que morreram se curaram") está me cheirando à desonestidade intelectual de sua parte. Minha referência foi às págs. 92-95, onde há dois casos EXPLÍCITOS de cura FÍSICA.

    8 e 7. Sem mais a acrescentar.

    6. Por que você acha que se houvesse outra Irmã Josepha as freiras do convento teriam dito? Que interesse teriam elas em denunciar a gravidez de uma de suas iguais, todas com voto de celibato? Ora, o esperado mesmo é que escondessem a todo custo o caso... E, como já falei no comentário anterior, Rizzini não disse mais nada sobre o assunto porque provavelmente as pesquisas referidas por você não foram suficientes para *provar* a existência da Irmã Josepha das materializações.

    5 e 4. Não, não se espera que um fluido sempre escorra. Há fluidos gasosos. Neste caso eles se elevam na atmosfera. Aliás, são comuns fotos de ectoplasma do tipo vaporoso. O material que sai das narinas do Feitosa não foge completamente dos casos de materialização conhecidos. Além das variadas formas de manifestação do ectoplasma, o "encontro" das emanações do Feitosa na foto da pág. 73 do livro não é nada surpreendente, uma vez que é compreensível a reunião da substância para formações objetivas (mãos, corpos, etc.) Então, o que vemos aqui é que, não tendo feito o "dever de casa", você intenta rotular de "indício de fraude" uma manifestação que não compreende. Bela coisa, hein?!... Quanto à razão do Espírito Alberto Veloso vestir-se daquela maneira, não sei dizer.

    3, 2 e 1. A similaridade dos fantasmas fotografados com Otília foi o único *indício de fraude* que apontaste para os fenômenos. Consequência: você ainda não sabe dizer se tudo não passou de uma farsa. É isso?

    Um abraço!

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  20. Oi, José Edmar!

    10. Mas eu não disse que a possibilidade de Otília libertar-se seja um indício de fraude. O que é suspeito é o fato dela ter fraudado por vários anos (referência no livro do Rizzini).

    9. Pelo relato de Nedyr Otília já participava das sessões desde a época em que eram feitas no "quartinho de despejo" (pag 46). Há até uma foto da materialização participando de um casamento neste local (pag 107). Vou ver se descubro qual é o ano de fundação do Grupo Espírita Irmã Josepha e quando ocorreu este casamento.

    Em relação a frase pinçada na página 91 foi apenas para ilustrar o que Nedyr disse em toda a sessão "As sessões de cura" (pag 90, 91, e 92). Os dois casos de cura relatados na sessão "Casos de curas" a partir da página 62 são, a meu ver, insuficientes para provar a existência da materialização. Mesmo porque relatos de curas "milagrosas" existem por todos os lugares e em várias religiões.

    6. Se existisse outra Josefa as freiras contariam a verdade porque não arriscariam ser desmascaradas nacionalmente. Muito provavelmente a estória de uma freira que engravidou de um padre estaria na boca do povo se fosse verdadeira.

    5 e 4. O material que sai das narinas do Feitosa na página 73 não é gasoso. Se você olhar bem nesta foto, além do encontro, é possível perceber que há um volume maior dentro da narina esquerda como se estivesse entupido. Quanto a compreender o ectoplasma acho que nem eu e nem ninguém sabe direito o que é. Nedyr que o estudou por quase uma vida inteira diz que não tem "esclarecimento satisfatório de sua origem e constituição" (pag 74).

    3, 2 e 1. O que entendo é que existem muitos indícios de fraude. Que cada um julgue da sua maneira.

    Abraço!

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  21. Olá, Vital.

    Não irei tornar a falar tudo o que já disse relativo ao fato de Otília ter fraudado de 1965-1970 não ser indício de que ela tenha fraudado também nas sessões de 1963 e 1964. Os controles eram diferentes. Este é o ponto.

    Eu não disse que os casos de cura mencionados às págs. 92-95 seriam suficientes para provar a realidade da materialização de Irmã Josepha, apenas perguntei o que dizer de tais curas atribuídas a ela. E é uma pergunta que deve ser respondida pelos opositores do fenômeno, pois não é nada razoável supor que a cura de casos como os mencionados (disfunção de válvula mitral e paralisia das pernas) tenha sido realizada por Otília fantasiada de Irmã Josepha!

    Também não disse que o material que sai das narinas do Feitosa (foto da pág. 73) seria gasoso. O que escrevi foi que nem todo fluido escorre, pois que existem fluidos gasosos, e que há relatos e fotografias de ectoplasma neste estado. Agora, sobre a natureza desta substância, é justamente por pouco a compreendermos que devemos ter todo o cuidado em emitir opiniões desairosas a respeito de fenômenos envolvendo-a tendo por base mera análise de fotografias.

    Quanto aos "muitos indícios de fraude" relativos à realidade das materializações, continuo no aguardo de que seja apresentado algo além da similaridade dos fantasmas Irmã Josepha e Alberto Veloso com a médium.

    Um abraço.

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  22. Oi, José Edmar!

    Os fenômenos de cura precisam ser provados por quem os produz ou por quem os defende. Como já havia dito os relatos de curas existem aos montes e possuem explicações diversas.

    Concordo com você que é preciso cuidado ao emitir opiniões sobre a possibilidade de fraude para não ser desrespeitoso com as pessoas envolvidas.

    Compreendo que você não considere os pontos levantados como indícios de fraude, mas você não pode ignorar que eles foram apresentados e são considerados como indícios por outras pessoas.

    Abraço!

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  23. Nem sempre fenômenos de cura precisam ser provados por quem os produz ou por quem os defende. Se as alegadas curas serão utilizadas no processo de beatificação de alguma pessoa ou defendidas em alguma tese a respeito, as *provas* realmente são essenciais, do contrário, é lícito apenas mencionar os casos, principalmente se o indivíduo que os está relatando presenciou tudo, como foi o caso de Nedyr. Então, para os leitores que, não tendo lido a obra em discussão, têm tomado ou tomarão como um bom esboço do livro a resenha apresentada - o que não acho razoável, uma vez que o articulista omitiu trechos importantíssimos favoráveis à realidade dos fenômenos -, reproduzirei abaixo os trechos que tratam dos dois casos de cura:

    "Um desses casos aconteceu com um homem de cerca de 40 anos de idade, compleição física saudável, alto, magro, corte de cabelo baixo, o nariz tinha um dorso delgado, um tanto adunco, comunicativo, portador de uma disfunção da válvula mitral. Seu médico o havia comunicado que a medicina não tinha recursos para intervir e que ele viveria, talvez, uns três meses. (...)

    Passou a frequentar as sessões normalmente com muita expectativa e esperança. (...)

    Decorridos cerca de três meses veio a receber diretamente do espírito Irmã Josepha a notícia tão esperada: 'Fulano, você hoje foi operado com sucesso. Já está bom. Vá para casa e, fique em repouso esses três dias. Só procure o seu médico da Terra depois de passados seis meses'.

    (...)

    Após seis meses o paciente visitando seu médico e fazendo os exames necessários para acompanhamento de seu estado de saúde, constatou que ele estava curado". (pp. 92-93)

    "Outra cura, que também ficou marcada na minha lembrança, foi a de uma professora com cerca de 35 anos de idade, estatura baixa, magra, rosto arredondado, lábios finos, olhos castanhos esverdeados e que nos deixou um depoimento por escrito, muito bonito.

    (...)

    Ela era portadora de uma paralisia nas pernas fazia alguns anos e havia até deixado de lecionar.

    Toda noite em que comparecia à sessão, vinha de cadeira de rodas até a porta e, de lá para dentro do salão, era carregada por duas pessoas até o seu lugar na sala. Certa noite, os trabalhos corriam normalmente, e já caminhava para o seu encerramento, momento em que a Irmã Josepha ia se despedindo das pessoas, deixando alguma instrução para a próxima reunião ou recomendando algum procedimento aos pacientes. Geralmente ela acendia e apagava a luz vermelha já próxima à porta da cabine. De repente, volta-se para a plateia e, indo em direção à professora, diz assim: 'Minha filha! Você não acha que está dando muito trabalho aos seus amigos? Todas as noites de sessão, você vem, é carregada nos braços de irmãos, que ajudam a colocá-la na cadeira na sala, e depois, eles tornam a carregá-la de volta à sua cadeira de rodas! Você não acha que isso é importunar muito às pessoas?'

    A fala de Irmã Josepha criou no ambiente uma certa tristeza, um constrangimento causado pelas palavras duras, ditadas por um Espírito que é só amor. Mas logo a seguir, ela acrescentou: 'Pois é, minha filha, a partir de agora, você não vai mais precisar que te carreguem no colo. Você já está curada. Pode se levantar e sair, hoje mesmo. Andando com suas pernas. Viva Jesus. Viva Jesus. Viva Jesus.'

    E entrando na cabine escutamos um pequeno gemido da médium, característico de que o Espírito tinha ido embora. Terminada a sessão, naturalmente todas as atenções se voltaram para a professora, que se encontrava num estado beatífico. Aos poucos foi se recompondo emocionalmente, fazendo os primeiros movimentos com as pernas até se pôr de pé e dali sair andando, numa alegria contagiante". (pp. 94-95)

    Que cada um tire suas próprias conclusões...

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  24. Oi, José Edmar!

    Basicamente eu utilizo dois critérios para transcrever trechos do livro na seção Discussão de minhas análises. Um é o de ilustrar algum aspecto analisado nas outras seções e o outro é o de apresentar pontos passíveis de discussão. Os relatos das curas me pareceram não se enquadrar em nenhum destes dois critérios.

    A proposta deste blog não é o de julgar as obras e nem tampouco substituir a sua leitura integral. As análises servem apenas como referência ou opinião. Por outro lado, procuro ser justo nestas análises embora seja possível que eu não tenha sido em um ou outro momento. Por isso acho importante que os leitores tenham facilidade para comentá-las. E fico satisfeito quando recebo críticas e elogios.

    Abraço!

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  25. Sobre as algemas, há indício sim de que a Otília se libertou delas. Da reportagem de 01/02/1964:
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    Perdoe-me, doutor: acredito que a médium, na escuridão do recinto, se livra das amarras e inclusive das algemas, sozinha ou com a parceria de alguém. O mágico Houdini fazia dessas…[...] Eu, quando saíra do Rio, havia dito que queria colocar talco em redor da cadeira da médium. Caso ela se levantasse, seus pés ficariam imprimidos no pó. Perguntei ao Dr. Waldo se isso seria possível e ele disse que não. Primeira explicação: a médium tinha forte idiossincrasia ao talco. Que idiossincrasia é essa, Dr Waldo? Segunda explicação, para ele mais convincente: — “Vou lhe falar a verdade. O fato é que, numa de nossas reuniões, um dos presentes, que estava na primeira fila, levantou-se no escuro, foi até o talco e nele colocou o pé. Quando acendemos a luz disse que aquele pé era de Otília querendo, com isso, desmoralizar a experiência”. Se uma pessoa pode levantar-se, sem ser pressentida, e ir até o talco, também pode levantar-se e ir até a cadeira da médium, abrindo-lhe as algemas.[...] Novos gemidos, mais vômito da médium Otília, o som desta vez saindo da cabina. É “Irmã Josefa” de volta, informando que não está materializada: é apenas voz e está saindo a poucos centímetros da boca da médium. Diz que vai dar uma demonstração da sua “presença”, apertando ainda mais as algemas que prendem os pulsos de Otília. Ouvimos, então, o barulho característico de uma algema fechando. Se o “espírito” não desse a necessária “explicação”, nós poderíamos concluir que a algema estava aberta. Mas se a “Irmã Josefa” era apenas voz, com que mão apertou as algemas? [...] Revistei as pessoas que entravam na sala, com exceção de duas moças e da médium, pois estava impossibilitado de fazê-lo. Anotei, então, um lembrete: levar, no outro dia, uma senhora que pudesse fazer a revista nas pessoas do sexo feminino. Quando fui algemar a médium as algemas eram de propriedade dos experimentadores — quis fazê-lo a meu modo, mas fui impedido pelos protestos dele e de alguns assistentes. Alegavam que Otília seria machucada durante as contorsões que teria. Rubriquei esparadrapos e coloquei no buraco das chaves, dos cadeados e das algemas. As chaves ficaram em meu poder, o que não excluía a possibilidade de alguém ter duplicata das mesmas, pois todo o material usado era de propriedade dos experimentadores. Nossas providências de segurança seriam tomadas no dia seguinte, depois de observarmos a primeira sessão.

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  26. É verdade!

    Este fechamento das algemas ao final da sessão é suspeito mesmo.

    Valeu!

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